Publicado em UWC Costa Rica

Primeiras semanas no UWC Costa Rica

As duas últimas semanas têm sido uma maravilhosa loucura. Cada dia é único e traz as suas próprias surpresas, boas e más. Nem sempre é fácil mas o olhar à minha volta e ver um pedacinho de cada parte do Mundo em cada uma destas pessoas espetaculares dá-me muita alegria e força. Nesta semana consegui ver com os meus próprios olhos e sentir com o meu próprio coração que juntos conseguimos fazer a diferença e lutar pela paz.

Mariana, UWC Costa Rica (2018-2020)

Publicado em UWC Mahindra

O início da aventura na Índia

“Para mim estes últimos dias têm sido uma experiência sem par! Estou a adorar conhecer pessoas de todos os cantos do mundo, e aprender com as suas experiências que em nada se assemelham às minhas. Com tudo o que tem acontecido estou entre “Só passaram 13 dias?” e “Já passsaram 13 dias!?” e mal posso esperar por tudo o que estes 2 anos reservam!”

Maria Francisca, ou “Pipa”, UWC Mahindra College – Índia (2018-2020)

 

Publicado em UWC South East Asia

As primeiras 2 semanas

“Fazem duas semanas que cá estou, mas não é precipitado dizer que me sinto em casa. Quer quando estou rodeada de pessoas fantásticas ou até mesmo na escola! Assim que tive a minha primeira aula apercebi-me: é isto que é suposto eu estar a fazer. É mil vezes mais fantástico do que alguma vez pensei ❤️
Teresa, UWC South East Asia – Singapura (2018-2020)
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Teresa e Tiago – os 2 Portugueses no UWCSEA


Publicado em UWC Mahindra

Uma Project Week mágica!

Olá, o meu nome é Isabel, tenho 17 anos, sou de Ponta Delgada em São Miguel, Açores e de momento estou no meu primeiro ano no Mahindra UWC, na Índia.

Sendo que já estou há quase 6 meses a viver aqui na Índia, eu pensava que a minha experiência já estava a ser fantástica e que não passava daí até porque aqui no colégio, além da semana de projecto, temos a India Experience Travel Week (em que viajamos para uma cidade de modo a experienciarmos o país ao máximo) e a minha foi para Nova Delhi e foi fantástica, pude ver o Taj Mahal, ver o norte da Índia e muito mais monumentos famosos e super interessantes. Ou seja, o meu primeiro ano, em termos de viagens, já tinha dado tudo o que tinha a dar.

Até que chegou a véspera da minha Project Week, que para quem não sabe, é uma semana que normalmente está relacionada com a nossa atividade de serviço à comunidade, sendo a minha “Nose up”: vestimo-nos e aprendemos a ser palhaços para depois em forma de performance, representarmos problemas atuais ou apenas fazermos pessoas (normalmente pessoas com deficiências) mais felizes! Como estava a dizer, chegou a semana de projeto e descobri que ia outra vez a Nova Delhi para explorar a vida dos Madari, uma tribo de artistas de rua. Claro que estava entusiasmada, está relacionado com actividades que adoro, mas nunca esperei que chegasse a um patamar acima disso!

Depois da viagem de comboio de 26 horas até Delhi (escolhemos comboio porque avião é muito “pesado” em termos ambientais) chegamos ao hostel, que é praticamente uma pousada da juventude e a aventura começou! Fomos para um parque para fazermos umas atividades relacionadas com diferentes culturas para estarmos cientes do contexto que íamos explorar mais tarde e também ficarmos mais próximos como equipa. Quando isso acabou o nosso “guia” (a pessoa que nos ajudou a preparar a viagem e que nos dá dicas para sítios bons onde comer) disse-nos: “Agora quero-vos apresentar Ishamudin, ele está no top 20 de melhores mágicos no mundo”. Bem, eu fiquei mesmo entusiasmada! Enquanto ele nos explicava tudo sobre a sua vida e como ele viajou por todo o mundo para competir e ganhar dinheiro como mágico eu só pensava na sorte que tinha por estar ali. Sempre admirei artistas de rua e tenho noção de que a vida deles é tudo menos fácil mas nunca pensei que iria realmente conhecer a tribo dele (que é praticamente a sua família toda) e poder interagir com eles e fazer mil e quinhentas perguntas. Ele também nos disse que, na Índia, os artistas de rua não têm direitos nenhuns e não têm lugar na sociedade, ou seja, além de ser ilegal ganhar dinheiro ao ser artista de rua (e não é possível, pelo menos por agora, mudar isso), eles vivem em favelas muito pequenas para os 6 mil artistas de rua em Delhi e com péssimas condições. O lado positivo disto tudo é que a maioria da sua família adora fazer magia e ganham dinheiro suficiente para sobreviver bem e até ter coisas como computadores, wifi e viajar um pouco.

Depois, além de nos mostrar um dos seus actos (que foi para além de tudo o que já tinha visto na minha vida!!) o nosso autocarro levou-nos até as tais favelas onde 2 das 7 tribos de artistas de rua (os encantadores de cobras, os cantores, os acrobatas, os que treinam animais, os dançarinos, os mágicos e os “impersonators”) e foi realmente muito intenso… Imaginem uma rua com pequenas “casas” quadradas e com pessoas em todo o lado, crianças nuas, mulheres a tentar limpar o chão embora eu ache que é escusado, imensas moscas a voar e a colar-se a tudo, juntamente com imensos tubos no chão e baldes cheios de água que é das duas uma, ou castanha ou límpida. Vê-se que apesar disto tudo eles são felizes, e que o principal problema é a canalização, cheirava mesmo a fossa e a lixo tudo por causa da falta de canalização. Eles fazem mesmo o melhor que podem para fazer a situação melhor, os seus sorrisos e olás estridentes fazem me esquecer tudo o que há de mau à minha volta. É  também incrível como o ambiente familiar deles, mesmo com as diferenças sócio-económicas e culturais, me faz da minha própria família! Em especial, da minha relação com os meus tios e primos que é muito próxima e especial.

De seguida, pudemos fazer perguntas às duas filhas do mágico Ishamuddin, a Jasmin e a Safira, e deixem me que vos diga, quando as conheci fiquei boquiaberta! A mais velha é a Jasmin e de momento ela está a criar o seu próprio negócio de artesanato (que já agora é lindíssimo o que elas fazem, nunca tinha visto nada igual). Além de ser gerente do seu próprio negócio que dentro de um mês irá ter uma presença online, ela tem tempo de fazer as suas tarefas domésticas (porque o papel da mulher nesta sociedade e na Índia em geral ainda é muito limitado) e ainda aprender várias línguas! De momento ela é fluente em inglês e está a aprender árabe e mandarim! Ela nem chegou ao 5º ano de escolaridade. Nem ela nem a irmã, e ambas têm expectativas fantásticas para a sua vida e são realmente sonhos que se podem tornar realidade, porque têm o apoio a 100% do seu pai, que todo o dinheiro que recebe vai para a internet, para o negócio de artesanato e para a aprendizagem de línguas. São pessoas extremamente interessantes e com valores bastante corretos, e nós todos apenas as vemos como ladras ou aldrabonas que querem roubar dinheiro das pessoas ao ser ajudantes do espectáculo de magia do pai.

É também importante referir que isto de eles serem mágicos é um negócio de família e cada família é uma tribo. Desde que se nasce as crianças são incentivadas a aprender tudo sobre esta arte (até porque é o que os rodeia) mas ao mesmo tempo a ter uma educação na escola, sendo que quando quiserem deixar a escola são livres de o fazer mas se quiserem estudar até à universidade, ninguém os irá parar. Conheci os primos da Jasmin e da Safira que têm 11 e 18 anos e um deles vai seguir a magia como o seu tio e o outro quer estudar animação na universidade e até agora tem dado provas que consegue! E para os que estão a pensar que as pessoas nesta tribo não conseguem pagar esse tipo de educação vejam que já têm 2 membros da família na universidade a estudar teatro e engenharia. Quando falava com eles senti mesmo que tudo era possível!

Hoje tínhamos como plano focarmo-nos num só dos membros desta enorme família (enorme mesmo, têm em média 6 a 8 filhos cada um) e eu fui num grupo e calhamos com o avô. Ele era realmente uma pessoa amorosa apesar de não saber falar inglês e termos que ter o tradutor sempre ao nosso lado. Começou por contar que tinha ido a Paris 3 vezes porque foi convidado para fazer magia nas ruas, mas que não tinha contado a ninguém que ia viajar o que deixou a sua família extremamente preocupada. A sua calma e serenidade enquanto dizia isto fez-me lembrar da minha avó paterna que era exatamente o mesmo tipo de pessoa. No meio de várias histórias engraçadas, foi buscar um albúm de fotos antigas e mais objectos mágicos e intrumentos musicais (eles fazem-nos à mão, têm sons mesmo incríveis e únicos e eu nunca tinha visto nada igual mesmo tendo estado no conservatório durante a maioria da minha vida). Fiquei deslumbrada com as fotos, porque juntamente tinha recibos de pagamentos pelos serviços prestados e documentos de identificação das décadas de 80 e 90. Depois de nos mostrar vários truques, o avô (que se chama Manoj Khan), decidiu mostrar-me (logo a mim!) o segredo do truque, que consistia em separar dois círculos de metal, afinal magia é muito mais inexplicável do que eu pensava! A parte mais importante para mim foi que ele notou que eu estava a praticar o tal truque várias vezes enquanto nós conversávamos então no final deu-me os seus 2 círculos de metal!! Ele tinha vários, mas os que ele me deu via-se que tinham um material diferente, era mesmo o conjunto oficial dele! Fiquei mesmo sem palavras, para ele eu sou uma estranha estrangeira que lhe faz imensas perguntas estranhamente específicas mas como ele viu que eu realmente gostava daquilo e que pratiquei bastante, fez questão de mo dar! Eu nunca me tinha sentido assim, um sentimento de gratidão e de amor às artes performativas veio ao de cima.

No meio disto tudo o nosso grupo foi discutindo (UWC style) o tipo de privilégio que temos, os problemas que eles enfrentam além da canalização e também que tipo de mensagem nós queremos transmitir como visitantes. Também há que referir que cada um faz da sua experiência o que quer, alguns dos participantes não estão a gostar assim tanto (talvez porque só agora é que se aperceberam do seu privilégio) e isto cria uma atmosfera meia estranha e desconfortável para os que estão realmente a adorar, como eu, é algo que acontece na maioria das atividades assim mais diferentes nos UWC.

A caminho da pousada, eu só pensava no porquê de eu ter esta oportunidade e no porquê de eu realmente ter querido candidatar-me aos UWCs e tudo fez sentido. Foi para estas experiências que eu mudei de casa para ir para um país sempre completamente associado a tudo o que é negativo. Foi por isto que sofri o processo de seleção e foi por isto que abdiquei do conforto da minha casa, amigos, família e escola. Apesar da minha vida ser igualmente boa em Portugal, não tem o mesmo sentimento e emoção. Assim consegui sair a 100% da minha zona de conforto e sentir-me confortável por estar fora da minha zona de conforto, por mais estranho que isto soe.

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E foi esta a experiência que mais me marcou nesta viagem, apesar de haverem mais umas 500 por contar. Hoje é quarta-feira, a nossa viagem está longe de terminada e tenho a certeza que daqui só vai melhorar visto que estamos a preparar uma perfomance incluindo estes artistas!

 

Isabel, UWC Mahindra College – Índia (2017-2019)

 

 

Publicado em UWC Dilijan

Atum!

Faz hoje uma semana que as aulas recomeçaram aqui no UWC Dilijan, na Arménia, e voltou a nevar neste que tem sido um inverno com particularmente pouca neve.

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Estou aqui na biblioteca em frente a uma grande janela com vista para as árvores cobertas de branco e penso em Portugal, de como não neva em Almada e de como foi estar de volta por um mês depois de quatro fora.

Lembro-me do avião levantar vôo de Viena e da sensação estranha que senti na barriga, uma estranha ansiedade de estar já longe do colégio, ter os meus amigos já outra vez espalhados pelo mundo e de voltar a casa para os meus outros amigos e família. Uma estranha ansiedade e curiosidade. Curiosidade e apreensão. Até talvez um certo receio por ver como as coisas estavam em Portugal, se teriam mudado muito em tão pouco tempo.

A sensação voltou ao ver as praias da costa de caparica e trafaria, desta vez com uma pequena grande euforia de ver as areias portuguesas. Assim que me apercebi, estava a correr por de trás dos meus pais e a surpreendê-los no aeroporto.

Ao voltar ao meu quartinho onde mal cabia eu, o malão que tinha trazido, a cama e a secretária, senti-me um bocadinho como Gulliver em Lilliput mas… sozinha! Rapidamente me voltei a habituar. Mais rápido que a minha mãe a voltar a ter de pôr quatro pratos na mesa.

 

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Eu, a Paulina (México) e o Fernando (El Salvador)

 

Passei bons momentos em família, a revisitar lugares que adoro e a reunir com amigos e UWCers. Tive em casa uns co-years de El Salvador e do México. Foi uma experiência muito fixe, mostrar-lhes os lugares onde cresci e onde me sinto tão à vontade, vê-los deliciados com os pastéis de nata e de Belém, encantados com a simpatia das pessoas e estourados das viagens que tinham feito pela Europa durante 3 semanas e meia.

Foi muito bom estar de volta e ver o mar outra vez, agora que já sei, levo a bagagem recheada de latas de atum e azeite, pronta e com as energias recarregadas para um segundo semestre!

 

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Desta vez vou preparada: a mala vai cheia de azeite e latas de atum!

 

 

 

Beatriz, UWC Dilijan – Arménia (2017-2019)

Publicado em UWC ISAK Japan

Um dia típico na colina

E é assim! Já passou um quarto da minha experiência UWC! 4 meses que voaram, mas as memórias e as aprendizagens ficaram, todas as novas amizades e todos os momentos que me marcaram.

Num UWC todos os dias são únicos e isso é que faz com que a experiência seja tão enriquecedora. Mas mesmo assim vou tentar descrever um dia “típico” no UWC ISAK Japan.

Tudo começa com a minha colega do Uruguai a acordar o resto do quarto, uma rapariga de Portugal, outra da Libéria e outra das Ilhas Marshall. Preparamo-nos e vamos para o pequeno-almoço. O meu colégio é muito pequeno, somos 170 alunos no total. Eu gosto bastante disso, porque dá nos a oportunidade de criar uma comunidade muito familiar. Quando chego ao pequeno-almoço vejo caras que me são muito próximas, pessoas de todo o mundo sentadas à mesa a partilhar uma refeição, como se fosse uma coisa natural! A comida é diferente todos os dias, mas claro temos sempre muito arroz a acompanhar…

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Depois, começam as aulas, às 8 da manhã. Aula de políticas globais, onde aprendemos sobre questões correntes, discutimos certos “case studies”, e debatemos sobre tópicos atuais. Olho à minha volta e apercebo-me que tenho dois colegas que são de lados opostos do conflito que estamos a estudar. Isto torna a aprendizagem muito mais vívida e clara, os dois lados comunicam e tentam entender-se um ao outro. Aqui podemos ver a missão UWC em prática, o UWC faz da educação uma força para unir pessoas, nações e culturas, em prol da paz!

O dia continua… Aula de Japonês: aprendemos um novo alfabeto – Katakana, que é usado para escrever palavras estrangeiras; falamos um pouco sobre origem de algumas palavras, como ありがとう (arigatou) e eu ensino-lhes que vem do português “obrigado”. Aula de Química: porque não ter uma aula ao ar livre? Levamos o quadro branco para a relva e sentamos-nos no meio da estrada a falar sobre configuração eletrónica. Aula de Inglês: estamos a analisar como a linguagem e o seu significado são moldados pela cultura e o contexto. Para isso tivemos que escolher e analisar uma música que transmita os valores UWC e apresentá-la.

Assim que chega a hora de almoço corremos todos para o refeitório, um espaço relativamente pequeno onde temos que caber todos: alunos, professores e staff.  Esta é, provavelmente, a minha altura preferida do dia. Tenho sempre conversas muito interessantes durante o almoço, sejam elas com os outros alunos ou professores. Os tópicos de conversa variam desde coisas bastante simples como partilha de experiências pelo mundo, até conversas mais profundas sobre, por exemplo, o próprio IB.

Depois do Almoço vem o ‘Stop and clean’ – durante 20 min todos limpamos a escola juntos. A cada aluno e professor é lhe designado um local do campus que tem que limpar/arrumar e certificar-se que está o melhor possível (fazemos esta limpeza todos os dias de semana). Esta é uma pequena prova que trabalho de grupo torna tudo mais simples! As aulas são retomadas por mais duas horas, até às 15.30.

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As tardes dependem muito do dia da semana. Às 2ª feiras temos Assembly, todos os membros da comunidade escolar reúnem-se durante 1 hora. Durante este tempo temos avisos/anúncios (que qualquer pessoa pode fazer), apresentações, debates, etc. Terças, quartas e quintas temos tempo para atividades e clubes, e às sextas temos o nosso projeto CAS. CAS (Creativity, action and service) é uma grande parte do IB, que todos os alunos têm que completar para receber o seu diploma. Funciona um pouco diferente em todas as escola, no Japão temos 3 atividades/projetos principais:

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  • Clubes – todos os alunos têm que pertenecer a 2 clubes no mínimo e temos reuniões semanais. Este ano pertenço a 5 clubes – Teatro, Liderança, Voleiball, agricultura sustentável e CAPI (um clube de organização de eventos culturais). A maioria dos clubes são liderados por alunos e somos nós a decidir o que fazer ao longo do ano.
  • Departamento de educação do ar livre – isto involve acampamentos, caminhadas, escalada e muito mais. Neste últimos 4 meses fiz 4 destas atividades, maioritariamente caminhadas longas com pernoita. Carregamos as mochilas e tendas às costas e caminhamos durante o dia todo, acampamos e no dia seguinte continuamos a caminhada.

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  • Projeto CAS – todos os alunos desenvolvem um projeto ao longo dos dois anos e põem-no em prática. O meu projeto chama-se Project Bridge Japan, o nosso objetivo é trazer o conhecimento da diversidade para as gerações futuras, para gerar uma comunidade de mente aberta e mais informada. Este projeto surgiu por nos termos apercebido do quão isolados e reservados são os Japoneses. No Japão 98.5% da população é de origem japonesa, o que torna a exposição a novas culturas e mentalidades muito reduzida. Este projeto é totalmente iniciado e liderado por nós, um grupo de 5 alunos de 17 anos. Nós tomamos todas as decisões, escolhemos onde e quando queremos ir, o que queremos fazer, e aprendemos com os nossos erros. No meu projeto, estamos a fazer workshops em escolas secundárias, onde falamos com os alunos sobre diversos temas atuais e tentamos expô-los a uma certa diversidade a que não estão habituados.

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Num UWC todos os dias são únicos e isso é que faz com que a experiência seja tão enriquecedora. Depois de 4 meses cheios de oportunidades estou em Portugal com o coração cheio de novas experiências para partilhar, mas também com muita vontade de voltar e continuar esta aventura!

Ana Sofia – UWC ISAK Japan, Japão (2017-2019)

Publicado em UWC Changshu China

Project Week!

Acabei de chegar da Project Week e já quero voltar. Quero voltar para sentir de novo a adrenalina do improviso, a satisfação de dever cumprido, o cansaço de noites mal dormidas por razões tão gratificantes, a pura genuidade das crianças.

Project Week (PW) é uma semana em que saímos do colégio em grupos relativamente pequenos (à volta de vinte alunos por cada grupo), supervisionados por dois professores, e dedicamos sete dias a servir. A servir o país que nos recebeu de braços abertos sem pedir nada em troca.

Na minha PW partimos para partes mais rurais da China e voluntariamos em escolas locais, permitindo às crianças contactarem com a língua inglesa, perceberem que há muitas formas de aprender para além da tradicional “sentar e ouvir o professor” e, não menos importante, mostrar-lhes que há mundo para além da vila onde vivem e que há imensas oportunidades à espera deles.

As únicas instruções que nos deram para a PW foram que tínhamos que nos juntar em pequenos grupos e preparar aulas, atividades e um cultural show para fazer na escola onde íamos trabalhar. Para além de Portugal, no meu grupo havia pessoas da China, Indonésia, Madagáscar, Líbano, USA, Irlanda, Nigéria, Albânia, Equador e Tibete.

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A parte pré-PW exigiu imenso trabalho. Tivemos que nos organizar, dentro do nosso grupo, em pequenos teaching groups, dentro dos quais preparámos, autonomamente, as aulas que queríamos ensinar e as atividades que queríamos liderar. A escola que nos foi destinada foi uma escola primária, em que nem alunos nem professores falam uma palavra de inglês.

Quando chegou, finalmente, o dia de meter a mochila às costas e partir rumo a Pulan, em Hebei (Hebei é uma província no Norte da China), estávamos todos numa enorme excitação e com imensa vontade de servir aqueles que mais precisam. A viagem de seis horas de comboio passou a correr. Foram seis horas de incríveis conversas sobre tópicos que nos afetam a todos, como cidadãos do mundo. Divisões e desigualdades entre países do primeiro e do terceiro mundo foi um dos tópicos mais debatidos.

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Depois de chegarmos à residencial em que ficámos alojados, acertámos mais uns detalhes, participámos em algumas atividades de team building e preparámo-nos para, no dia seguinte, acordar às 5:30 da manhã para chegar à escola às 7:30 e pôr os nossos planos em prática.

A nossa estadia na escola teve, sem sombra de dúvidas, um enorme impacto em mim, como aluna de um UWC e como agente de um movimento educativo incrível. Dar aulas a crianças entre o 1º e o 3º ano e lidar com as diferentes situações que surgiram, sem conseguir comunicar eficientemente com os alunos ou professores da escola foi, sem dúvida, um enorme desafio.

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Quando chegámos à escola encontrámos alunos e professores tão entusiasmados por nos receber como nós estávamos entusiasmados por os visitar. Pediram-nos autógrafos e fotografias como se fossemos estrelas de cinema. Foi uma sensação estranha, por vezes desconfortável, mas muitíssimo gratificante.

Preparei 4 aulas com objetivos diferentes que repeti várias vezes durante os dias que lá estivemos a ensinar. Todas as minhas aulas tinham como objetivo, mais do que ensinar-lhes Inglês ou qualquer outra disciplina, abrir horizontes e ajudá-los a sonhar.

Ensinei-lhes, entre outras coisas, nomes de animais, uma música de Halloween, a Macarena, Cotton Eye Joe e tive uma aula 100% dedicada ao tema Paz. Esta última aula foi a que mais me marcou.

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Dividimos a aula em duas partes. Na primeira pedimos-lhes para desenharem, individualmente, o que a palavra Paz significa para eles. Na segunda, pedimos-lhes para arregaçarem as mangas e pintarem com as mãos, nuns cartazes enormes, o símbolo da Paz. Ambas as partes foram divertidas e úteis, mas a primeira foi aquela que eu penso ter tido maior significado. Cada um deles vê Paz com olhos diferentes e expressaram-no de forma incrível, fazendo uso da enorme criatividade que ainda não lhes foi roubada. Um dos desenhos que mais me marcou foi o de uma menina do 2º ano. Para ela, Paz é a China e o Japão dentro do mesmo coração.
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Durante a nossa estadia na escola muito aconteceu. Sentimo-nos tão especiais e, em várias circunstâncias, tão inúteis face às injustiças que acontecem, todos os dias, em tantas partes do mundo, enquanto nós vivemos, descansados, na nossa bolha de privilégio. É impossível verbalizar o quão grata estou por ter podido viver tudo isto.

Depois de uma semana intensíssima, o momento de voltar a casa chegou. Voltámos, felizes e com uma sensação de dever cumprido para o nosso querido UWC. Encontrámos, no portão, os nossos amigos à nossa espera, cheios de vontade de ouvir as nossas histórias de PW e de partilhar as deles. Senti, mais uma vez, que ganhei, aqui, uma segunda família.

Júlia – UWC Changshu China (2017-2019)

Publicado em UWC Changshu China

Desabafos

Olá,

O propósito deste post? Nem sei, não me perguntem. Desabafar talvez, falar comigo mesmo ou mesmo só para os meus pais saberem de mim e do que ando a fazer, o que quer que seja, estou a fazê-lo. Esperem pensamentos aleatórios e divagações, o que o “Pessoa” chamaria de um “pensativo cigarro”.

Há já 2 meses que voltei a Changshu e tem sido diferente do que estava à espera, coisa tão UWC, sempre a surpreender. O tempo é cada vez mais escasso e deadlines cada vez mais abundantes. Tinha expectativas de conhecer muito mais primeiros anos do que conheço agora mas o IB não tem dado tréguas. O mood na escola já teve melhores dias, a pressão académica, social e em geral não melhora cada dia que passa, e o que vale é que nos temos uns aos outros e os melhores primeiros anos de sempre que nos apoiam sempre (Props para a Júlia <3).

No entanto, sinto-me como nunca me senti mentalmente. Encaro tudo com positividade e sinto-me inabalável. Cada vez mais sinto que o mundo é enorme e a minha vontade de o conhecer aumenta a cada dia. Não sei o que o futuro me reserva nem o que quer de mim e isso faz-me levantar da cama todos os dias, numa tentativa de descobrir. Cada momento é precioso e o tempo está a preço de ouro, procrastinar é um luxo. Por mais que isto pareça um blog do Gustavo Santos não é, e não é isso que quero passar. Penso no futuro mas sobretudo no presente. O prazer em estudar voltou e submeti o meu “Extended Essay” que foi uma sensação de alívio mas também de vitória. Poder ver onde comecei e onde acabei, faz-me sentir realizado e orgulhoso. Agora está na hora de me pôr bonito para ver se alguma universidade me quer.

Como a estrutura deste texto, também a meteorologia aqui anda do 8 ao 80. Num dia estamos a suar com tanta humidade no outro estamos a bater o dente. Tempo propício a reflexões, penso no dia em que me irei embora e penso no dia em que cheguei. Volto a pensar e a despensar. Aquilo que aprendi aqui não se pode, jamais, comprar. Mudei e mudo como a meteorologia, instável mas saudável (o uso desta palavra aqui é questionável) e recomendo-me.

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Sou o número 10 na foto!

Ps: Este mês comecei a jogar num clube e vamos participar no que é a  “FA Cup” ou “Taça de Portugal” chinesa, para a qual estou bastante entusiasmado e também vou participar no novo Musical da escola!

De mim,

Espero que estejam todos bem, e desculpem se não tenho dito nada, estou ocupado a viver!

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Atuação no Dia da Paz


João, UWC Changshu China (2016-2018)

Publicado em UWC Changshu China

Boot Camp

Umas das atividades extracurriculares em que me inscrevi chama-se Boot Camp. São sessões de 1h com exercício físico de alta intensidade em que o objetivo é cada um dos participantes tirar o maior proveito da sua capacidade física. No final de todas as sessões, sinto-me a transbordar de felicidade, com a sensação de que aqueles 60 minutos que acabei de viver valeram imenso a pena.

Depois de um mês e meio de UWC sinto que a descrição mais aproximada do meu dia a dia é um Boot Camp intelectual permanente. Um Boot Camp que me desafia em tantas frentes diferentes que acabo sempre com o coração a mil e a respiração cortada.

Esta semana, saltei uns quantos níveis e aterrei num Boot Camp intelectual de intensidade altíssima. Aterrei na Golden Week.

A Golden Week é uma semana em que toda a China se junta para celebrar o País do Centro, 中国 (em caracteres chineses, a tradução literal de China equivale a País do Centro). Desde o Norte até ao Sul do país, desde os mais novos até aos mais velhos, ninguém falha as celebrações. O país pára e curva-se, deixando os mooncakes (doce tradicional desta época) e as refeições em família subir ao palco e dançar ao som do Erhu.

Para comemorar o país que de forma tão hospitaleira nos recebeu, o colégio dá-nos dez dias de férias, que podem ser utilizados “ao gosto do freguês”. Estes dez dias foram, sem sombra de dúvidas, uma imersão cultural incrível, em que vivi a China na primeira pessoa.

Partimos de Changshu sexta feira à tarde, rumo à nossa primeira paragem – Shanghai. Shanghai foi, sem sombra de dúvidas, uma enorme surpresa. As luzes, os carros, as pessoas, a agitação. Senti-me, de um momento para o outro, engolida pelos arranha-céus, cega pela imensidão que paira no ar poluído de Shanghai.

Shanghai é uma das maiores potências económicas do mundo pelo que é preciso ter algumas cautelas, mantendo sempre uma distância de segurança entre nós e a febre consumista. Felizmente, tive a sorte incrível de ter returning students e(spetaculares)xperientes a guiarem-nos pela melhor face de Shanghai.

Numa das noites, depois de visitar a Bund, um dos musts de quem visita Shanghai, dois segundos anos (um deles, o João, o meu segundo ano português ❤) disseram-nos que tinham uma surpresa para nós (sendo “nós” um grupo de 8 alunos da China, Portugal, Noruega, Coreia do Sul, Madagáscar e Venezuela). Ficámos todos em pulgas e seguimo-los até ao lobby de um hotel incrível, com trinta andares e luxo incomensurável. Levaram-nos até ao trigésimo e último andar do hotel, um terraço do outro mundo, com um jacuzzi fantástico no meio, em que conseguimos ter uma vista sobre a cidade inteira. Senti-me suspensa no ar, com o coração a mil. Como que por magia, a agitação incessante desta cidade que parece não dormir ficou congelada no tempo. As luzes a tiritar prédio sim, prédio sim, abraçaram-me com tanta força que fiquei com a respiração cortada. Senti-me fora de mim, com pessoas incríveis, num local inexplicável.

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Shanghai convidou-nos também a dar uns fantásticos passeios de bicicleta à luz da Lua, a explorar o fantástico Art District e a dar longas caminhadas por ruas estreitinhas, muitas vezes abafadas pela imponência da West Nanjing Road. Tudo isto ao som de conversas únicas, com pessoas tão especiais.

De Shanghai apanhámos o avião para Shijiazhuang, a cidade da Joyce, uma das minhas fantásticas amigas chinesas. Shijiazhuang é uma cidade no Norte da China, perto de Beijing, muito marcada pelo patriotismo e pela forte componente cultural. Fizemos tanto nos curtos cinco dias que passámos em Shijiazhuang que me é sinceramente difícil resumir tantas emoções, sabores e experiências em meia dúzia de palavras. Vou dar o meu melhor.

Uma das melhores partes de ter passado estes dias em Shijiazhuang foi o facto de ter passado um festival nacional no seio de uma família chinesa. Senti, por isso, a cultura chinesa de forma muito próxima.

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Em termos gastronómicos, esta estadia foi uma autêntica montanha russa. Experimentei todo o tipo de pratos e doces, desde carne de burro a uma especiaria que paralisa a língua de quem a come durante 5 minutos. Os chineses são talvez o povo mais acolhedor que eu já tive o prazer de visitar. Acolhedores e preocupados com o bem-estar dos visitantes como são, não nos deixavam nunca acabar a refeição antes de todas as migalhinhas terem desaparecido. Em todas as refeições, uma quantidade enorme de doces e salgados era colocada no centro da mesa e partilhada por todos, com muita conversa pelo meio (as mesas chinesas têm a particularidade de terem um vidro no centro que pode ser girado de forma a facilitar a partilha). Isto porque nas refeições chinesas tudo gira em torno da partilha. Da partilha e dos chopsticks (“pauzinhos”) – já estou uma mestre na arte dos chopsticks.

Para além da gastronomia, alguns dos episódios mais especiais da estadia em Shijiazhuang foram a subida a uma montanha lindíssima, a cerimónia de chá em que participamos e a visita que fizemos a casa de um mestre de caligrafia chinesa.

Começando pela montanha. Na China o conceito de escalar montanhas é diferente daquele que eu sempre conheci. Aqui as montanhas estão equipadas com uma enorme escadaria, desde a base até ao topo da montanha, com pequenos templos aqui e acolá. Cada degrau (dos imensos degraus que subimos) valeu a pena. Encontrámos uma vista incrível, um ar puríssimo e um sentimento de leveza fantástico.

A cerimónia de chá foi também uma experiência espetacular. Fomos a uma Casa de Chá, onde nos serviram chás de diferentes origens, seguindo sempre o rigoroso protocolo que reina estas cerimónias.

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Finalmente, a casa do mestre de caligrafia chinesa trouxe-me momentos únicos e memórias inesquecíveis. A arte da caligrafia chinesa é algo que, desde que cheguei ao “País do Centro” me cativou e despertou imensa curiosidade. Tive, nesta visita, a oportunidade de aprender com uma pessoa muitíssimo experiente. Tive a oportunidade de ver, tocar, sentir a caligrafia chinesa pelas mãos de alguém que vê, toca e sente esta arte de forma tão profunda. Foi incrível.

Depois destes dias tão especiais, voltei hoje para o colégio, onde encontrei amigos que me são tão queridos, o meu quarto que me é tão casa e o ambiente UWC, que sinto já tanto como meu.

Voltei ao colégio, sem fôlego, mas tão pronta para mais um período de escola intenso, cheio de imprevistos incríveis pelo meio. Voltei ao colégio, sem fôlego, mas ansiosa para que próximo nível deste Boot Camp em que agora vivo comece e revele as surpresas que me trás.

Júlia, UWC Changshu China (2017-2019)

Publicado em UWC South East Asia

Fim de semana

Este fim de semana (23, 24 e 25 de setembro) a boarding community organizou uma viagem à Indonésia, mais precisamente a Bintan, uma ilha paradisíaca no norte da região de Lagoi. Saímos do campus assim que as aulas acabaram, foi uma correria total! Do colégio até Bintan foram quase 2 horas de viagem de barco, confesso que adormeci durante a viagem. Quando chegámos lá o sol já se estava a pôr. Imaginem o cenário: uma praia paradisíaca, como aquelas que vemos nos anúncios das agências de viagens e o pôr-do-sol! Não há foto que faça jus à beleza daquele momento.

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Depois de uma visita rápida aos nossos quartos e uma tentativa de desfazer as malas, fomos jantar. A comida estava ótima, serviu para variar um pouco da comida da Sodexo. Jantámos ao pé de uma das piscinas do resort e assim que o jantar acabou estava toda a gente dentro de água. Foi um bom momento de descompressão e serviu para dar umas boas gargalhadas. Sequinhos e com a pele cheirar mais a cloro do que sei lá o quê fomos para a praia. Passámos a noite inteira a jogar Catch the Flag (Apanha a Bandeira), e sinceramente acho que devia contar para CAS porque o esforço físico estava lá. Uma coisa é certa, a minha equipa acabou por perder, por quantos não digo senão a minha auto-estima vai por água abaixo! Não esquecendo que tive que andar à procura dos meus chinelos no meio da praia durante a noite, feito louco.

No dia seguinte, aproveitámos a manhã para ir à praia, que faz competição com as praias de Portugal, e a tarde passámos na piscina. Como era de esperar apanhei um escaldão, serve de recordação.

Durante o jantar de sábado, que foi servido na praia, tivemos várias atuações de estudantes e professores. Não me posso esquecer do ponto alto do fim de semana, a festa na fogueira. Dançámos num círculo enorme ao som de música de várias partes do mundo, com especial ênfase para a música africana e indiana. A melhor parte foi o Bhangra, uma dança tradicional indiana que aprendi a dançar aqui no colégio. Foi dos momentos mais divertidos e memoráveis até agora!

Domingo foi o último dia, de manhã fiz arco e flecha, não acertei nenhuma no centro mas o que conta é a intenção. Assim que acabámos de almoçar, fizemos as malas e regressámos a Singapura (e, sim, também adormeci na viagem de volta). De volta ao IB que até agora tem sido gentil comigo e à vida no colégio que tem sido uma experiência incrível, cada dia que passa apaixono-me mais por esta oportunidade única.

Tiago, UWC South East Asia – Singapura (2017-2019)