Publicado em UWC Li-Po Chun

Menos de 1 mesito de diferença

Estes 2 posts têm semanas de diferença e ai que diferença que umas semanitas fazem!!!

12 de Julho:

Estimar

Parece que estou a ouvir-vos a refilar desse lado do ecrã pelo atraso deste post. Desculpem lá… Vamos ao que interessa.

Só agora, um mês e meio depois, no sofázinho da sala de estar, é que tive a coragem de respirar fundo e dar-vos notícias dos últimos tempos.

Cheguei a Portugal a 24 de maio, de coração apertado, lágrima no olho, alma dorida e mente cansada por causa dos contrariados “adeus” dos dias anteriores e pelos voos longuíssimos que me deixaram esgotada. Os papás estavam à espera no aeroporto, de flor na mão e tudo. Chorei logo. (Até parece que já não sabem como sou…)

E tenho chorado e rido e sorrido e soluçado muito desde aí. Emoções fortes: contente por estar de volta à terrinha do coração (nem que seja só por dois meses e meio), triste por não estar lá fora, receosa por ter de voltar ao campus sem metade das caras que vi todos os dias durante um ano (e que provavelmente não vou voltar a ver durante muito tempo), entusiasmada por ser uma segundo ano e poder mostrar tudinho aos novos alunos (que, em jeito carinhoso, gosto de tratar por “garotos”) e, principalmente, atolada com trabalhos e teses, para serem feitas e acabadas antes de chegar ao campus, em Agosto. A lista de coisas para fazer só cresce, nunca mais se acaba, e a vontade de trabalhar parece que só mingua… A tese (IA) de geografia já vai a mais de meio, graças aos deuses, a de matemática ainda nem começada está e a geral (EE) vai pelas ruas da amargura. Mas até Agosto as mangas (metafóricas, que o calor mal se aguenta) hão-de ser arregaçadas…

Socorro.

Com a distância, também as amizades ficam fragilizadas, tanto as de lá como as de cá. A maior parte dos amigos de cá estão de exames acabadinhos (os resultados saem amanhã), a preparar-se para entrar na universidade, e a Mariana, apesar de ainda não ir para o ensino superior, também se está a preparar para mais um ano de muito trabalho, novas amizades, muitos dramas (que de certeza vão ocorrer) e, espero, nenhum amor. Stay tuned!

P.S. – As notas deste ano já saíram e, devo dizer, melhorei bastante desde o primeiro período. The only way is up. Português já ficou feito para o diploma oficial (com um 6 de 7, nada mau) por isso 1 down, 5 more to go!

 

  25 de Julho:

AI

Queridos co-years (e outros que se mostrem interessados),

Este post é diferente porque cheguei a um ponto em que estou a desesperar. Sim, a DESESPERAR! Já nem sei de quantas due dates tenho de me lembrar… Com a Extended Essay de introdução meio feita, Internal Assessments de Geografia a meio e de Matemática por começar, formulários de universidades a chegarem com um ping! para o email todos os dias, com menos de um mês para me voltar a enfiar num avião para ir ter com o senhor IB, estou a desesperar. Sem me querer armar em “special snowflake”, será que sou a única a quem o coração bate mais depressa quando lhe passa o documento do Pages entitulado “Draft1” pelo canto do olho? A quem lhe doa os olhos só de pensar em ler critérios de avaliação das Internal Assessments?

Quero dizer-vos sinceramente que estou neste singular pânico, que já nem me deixa procrastinar convenientemente. Se bem que este post, só por si, serve de procrastinação…

Só vejo o Instagram, o Snapchat e tudo o que é redes sociais, infestadas de fotografias e vídeozinhos em lojas de café, bibliotecas, escritórios e afins, onde tudo o que é alma trabalha e evolui. E em vez de me inspirar, fico a suspirar… É que eu até quero ter as coisas (bem) feitas e até penso, sem grande drama, em sentar-me umas horinhas ao sol, para contrariar o ambiente de trabalho, a escrever e pesquisar, mas quando efetivamente me sento em frente ao ecrã, a mão parece que não vai para onde a mando e acabo no Facebook, no Tumblr, ou pior! (horror dos horrores para quem precisa de trabalhar) no Netflix. De facto, comecei a ver Orphan Black, só porque sim. E o tal Draft1 por trás da janela da série…

Por isso, estou oficialmente a pedir ajuda. Como parar este ciclo de fazer-alguma-coisa-sem-fazer-nada??? (Instalar aplicações tipo ColdTurkey para bloquear determinados sites nunca resultou, acabo sempre por dar a volta à coisa…)

(Please) Stay tuned!

Mariana – Li Po Chun UWC, Hong-Kong (2016-2018)

Publicado em UWC Changshu China

A grande saga do Extended Essay!

Talvez a minha segunda melhor experiência, depois de ser parte de um UWC, é ter entregue a versão final do meu Extended Essay (EE). A segunda “pior” combinação de duas letras depois de “IB”… :p

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O Extended Essay é uma parte muito importante do IB. Basicamente, é uma investigação feita pelo aluno numa disciplina que faz parte do currículo e na qual estão interessados. Tem muitos parâmetros que têm que ser seguidos, 4000 palavras no máximo, formato MLA (um conjunto de normas para escrita de trabalhos científicos), a pergunta a ser investigada tem que fazer sentido, etc. Cada aluno escolhe uma disciplina e daí começa a investigação: se é uma ciência natural tem que arranjar os materiais e começar a experiência, se é mais na área de humanidades, livros e procurar fontes. Cada aluno tem também um supervisor, que é um professor que vai estar a acompanhar durante o processo e dá um feedback oficial quando a primeira versão do EE está acabada. Depois de todo o EE ser lido, comentários são feitos, uma vez que durante o processo o professor não interfere na parte da escrita, simplesmente clarifica perguntas que o aluno tem.

Eu escolhi História para o meu EE. Foi uma escolha pessoal porque eu escrevi sobre a minha República na Rússia, Adygea, onde eu nasci e vivi durante a minha infância. Eu sempre quis saber a história dessa região, porque há mais de 100 anos atrás era uma nação independente, mas depois foi conquistada pela Rússia numa guerra que demorou 100 anos. Ler e aumentar o meu conhecimento foi interessante. Deu para aprender e refletir sobre este tópico.

Normalmente um EE de História pode ser acabado em três dias, e eu conheço pessoas que o fizeram. No meu caso, eu quis explorar durante algum tempo porque o tópico é importante para mim. Também se não fosse a preguiça e eu não perdesse tempo à procura de motivação para me sentar e escrever, teria acabado o meu EE numa semana. A investigação levou-me por volta de um mês, depois escrevi o primeiro draft em quatro dias. Os comentários que recebi foram maioritariamente devido a erros gramaticais que eu tinha e alguns parágrafos que tinham de ser mais completos. Again, eu podia ter terminado o meu EE depois de ter recebido feedback em três dias, mas a minha preguiça e “Amanhã começo” levou-me a fazê-lo nos últimos dias antes da entrega final. Mas correu bem, pedi ajuda ao meu supervisor e a uma professora para esclarecer as minhas dúvidas em relação ao MLA. Isto sim foi o inferno! Citações, citações, citações …o pesadelo de cada aluno do IB. O IB controla o plágio e a honestidade académica, levando estes dois aspectos muito a sério. Por isso, tudo o que não foi dito originalmente por mim tem que ser citado e as referências escritas num formato próprio no texto e depois no final do trabalho.

Para concluir, foi uma experiência complicada e interessante ao mesmo tempo. Muitas lágrimas, nervos, risos, desespero, ansiedade, medo, etc. Muitas emoções, mas é uma boa experiência. Isto tem que ser algo que traz prazer, porque sim, depois de entregar o trabalho é um alívio e um orgulho!

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Bella, UWC Changshu – China (2015-2017)