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Manual de instruções precisa-se!

Mais um post super atrasado… Não me olhem assim.

Cheguei a Hong Kong há 2 semanas e já tenho a agenda cheia. O campus tem estado meio vazio, os primeiros aninhos só chegam dia 4 de setembro, e as emoções têm sido contidas mas fortes.

Depois de três meses em Portugal, voltar ao literal outro lado do mundo não foi tão fantástico e brilhante como achei que iria ser. Pelos vistos, estar no campus sem metade dos seus habitantes, sem metade dos amigos, sem metade da alma, custa mais do que parece. Não me entendam mal, estou entusiasmada por ter primeiros anos a encher os corredores daqui a poucos dias, mas até lá, tudo me lembra dos meus segundos anos, uns mais queridos que outros, e os quartos meio vazios não estão mesmo a ajudar… É que passar pelo bloco X e ter de parar por um segundo para retomar a respiração não é fácil. Tão pouco o é ter co-years a ocupar os cantos “das pessoas Y ou Z” que já se graduaram e não vão mesmo voltar.

Percebo que estas duas semanas de reconexão com o pessoal do meu ano seja necessário mas caramba, ninguém me avisou que ia ser assim tão difícil lidar com a ausência de determinadas pessoas. Será que todos receberam o manual de instruções menos eu? Onde estão as minhas indicações sobre o que fazer quando são 3 da manhã e não consigo dormir porque nada parece certo?

“Mariana, que dramática, credo!”

Eu sei. Aborreço-me a mim mesma e aborreço os que estão à minha volta, e, para não se sentirem excluídos, vim aborrecer-vos também.

No entanto, e para levantar o espírito da coisa, também tenho de dizer que nem tudo é mau. Ainda só passaram uma dúzia de dias e noto que a relação com os nossos professores deu uma volta de 180º. Não que fosse negativa ou derrogatória no ano passado, mas agora que já nos conhecem, há mais sorrisos pelo corredor, mais “bom dia”s em português atabalhoado, mais “I’m happy to support your ideas” e mais “come over any time!”/”podes vir jantar quando quiseres!”…

As aulas têm sido mais calmas, mais divertidas (?) e menos apressadas. Deixámos de passar pela matéria, pelas atividades de laboratório, a correr, e passámos a refletir nelas e a tomar o nosso tempo para entender instruções. Tem sido menos caótico do que pensei que fosse. Parece bom demais para ser verdade.

Por outro lado, sinto que tenho sido mais eu do que fui no início do ano passado. Fez sentido? Acho que passo mais tempo comigo própria, com a minha companheira de quarto e com os amigos e amigas que realmente importam. Tenho tido tempo para conversar com algumas pessoas com quem ainda não tinha falado muito e para me sentar no meu cantinho que agora está completamente decorado (à exceção de fotos e notas na parede) e pensar. Às vezes demais.

Dormir tem sido difícil, não sei se pelo jet lag, se pelos milhões de coisas em que pensar, mas nem o café de manhã está a ajudar muito. Com visitas de universidades, reuniões com tutores, aulas, datas de entrega de trabalhos e teses e preparações para acolher os primeiros anos, acho compreensível que as sestas durante o dia sejam regulares.

 

Stay tuned!

P.S. – No dia 24, o tufão Hato (nível 10!) passou por Hong Kong, Macau e China continental (vindo das Filipinas). Não tivemos aulas nem pudemos sair dos blocos, mas estamos todos bem e a ajudámos a limpar o campus.

 

Mariana, Li Po Chun UWC – Hong-Kong (2016-2018)

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Menos de 1 mesito de diferença

Estes 2 posts têm semanas de diferença e ai que diferença que umas semanitas fazem!!!

12 de Julho:

Estimar

Parece que estou a ouvir-vos a refilar desse lado do ecrã pelo atraso deste post. Desculpem lá… Vamos ao que interessa.

Só agora, um mês e meio depois, no sofázinho da sala de estar, é que tive a coragem de respirar fundo e dar-vos notícias dos últimos tempos.

Cheguei a Portugal a 24 de maio, de coração apertado, lágrima no olho, alma dorida e mente cansada por causa dos contrariados “adeus” dos dias anteriores e pelos voos longuíssimos que me deixaram esgotada. Os papás estavam à espera no aeroporto, de flor na mão e tudo. Chorei logo. (Até parece que já não sabem como sou…)

E tenho chorado e rido e sorrido e soluçado muito desde aí. Emoções fortes: contente por estar de volta à terrinha do coração (nem que seja só por dois meses e meio), triste por não estar lá fora, receosa por ter de voltar ao campus sem metade das caras que vi todos os dias durante um ano (e que provavelmente não vou voltar a ver durante muito tempo), entusiasmada por ser uma segundo ano e poder mostrar tudinho aos novos alunos (que, em jeito carinhoso, gosto de tratar por “garotos”) e, principalmente, atolada com trabalhos e teses, para serem feitas e acabadas antes de chegar ao campus, em Agosto. A lista de coisas para fazer só cresce, nunca mais se acaba, e a vontade de trabalhar parece que só mingua… A tese (IA) de geografia já vai a mais de meio, graças aos deuses, a de matemática ainda nem começada está e a geral (EE) vai pelas ruas da amargura. Mas até Agosto as mangas (metafóricas, que o calor mal se aguenta) hão-de ser arregaçadas…

Socorro.

Com a distância, também as amizades ficam fragilizadas, tanto as de lá como as de cá. A maior parte dos amigos de cá estão de exames acabadinhos (os resultados saem amanhã), a preparar-se para entrar na universidade, e a Mariana, apesar de ainda não ir para o ensino superior, também se está a preparar para mais um ano de muito trabalho, novas amizades, muitos dramas (que de certeza vão ocorrer) e, espero, nenhum amor. Stay tuned!

P.S. – As notas deste ano já saíram e, devo dizer, melhorei bastante desde o primeiro período. The only way is up. Português já ficou feito para o diploma oficial (com um 6 de 7, nada mau) por isso 1 down, 5 more to go!

 

  25 de Julho:

AI

Queridos co-years (e outros que se mostrem interessados),

Este post é diferente porque cheguei a um ponto em que estou a desesperar. Sim, a DESESPERAR! Já nem sei de quantas due dates tenho de me lembrar… Com a Extended Essay de introdução meio feita, Internal Assessments de Geografia a meio e de Matemática por começar, formulários de universidades a chegarem com um ping! para o email todos os dias, com menos de um mês para me voltar a enfiar num avião para ir ter com o senhor IB, estou a desesperar. Sem me querer armar em “special snowflake”, será que sou a única a quem o coração bate mais depressa quando lhe passa o documento do Pages entitulado “Draft1” pelo canto do olho? A quem lhe doa os olhos só de pensar em ler critérios de avaliação das Internal Assessments?

Quero dizer-vos sinceramente que estou neste singular pânico, que já nem me deixa procrastinar convenientemente. Se bem que este post, só por si, serve de procrastinação…

Só vejo o Instagram, o Snapchat e tudo o que é redes sociais, infestadas de fotografias e vídeozinhos em lojas de café, bibliotecas, escritórios e afins, onde tudo o que é alma trabalha e evolui. E em vez de me inspirar, fico a suspirar… É que eu até quero ter as coisas (bem) feitas e até penso, sem grande drama, em sentar-me umas horinhas ao sol, para contrariar o ambiente de trabalho, a escrever e pesquisar, mas quando efetivamente me sento em frente ao ecrã, a mão parece que não vai para onde a mando e acabo no Facebook, no Tumblr, ou pior! (horror dos horrores para quem precisa de trabalhar) no Netflix. De facto, comecei a ver Orphan Black, só porque sim. E o tal Draft1 por trás da janela da série…

Por isso, estou oficialmente a pedir ajuda. Como parar este ciclo de fazer-alguma-coisa-sem-fazer-nada??? (Instalar aplicações tipo ColdTurkey para bloquear determinados sites nunca resultou, acabo sempre por dar a volta à coisa…)

(Please) Stay tuned!

Mariana – Li Po Chun UWC, Hong-Kong (2016-2018)

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Updates e emoções…

Mais uma vez vos escrevo durante um bloco livre, debaixo do sol. Parece que só ele me traz motivação… A queimar. Mas não tanto como da última vez.

Alguns mini-updates:

  • terminei as avaliações orais para Self Taught por isso estou semi livre!!
  • finalizámos já a última edição da revista da escola (Bou Zi)
  • o jantar de graduação dos segundo anos é daqui a, mais ou menos, uma semana
  • a humidade de Hong Kong voltou!
  • as atividades para o CAS (QCs, caso se tenham esquecido) terminam também daqui a uma semana

Parece que está tudo a acabar-se, com os segundos anos a prepararem-se para as universidades (e, alguns, gap years) e os primeiros anos a prepararem-se para serem segundos anos e receberem os novos alunos já no próximo setembro. As emoções são, por isto, muito misturadas! Queremos estar felizes pelos nossos mais-velhos que estão prestes a entrar numa nova fase da sua vida, mas sabemos que vamos ter imensas saudades das suas caras inicialmente falsamente contentes, depois carrancudas e finalmente genuinamente entusiasmadas; dos bons (e maus) conselhos dados a meio tom no corredor; das tardes de absoluta parvoíce; e até dos seus momentos de stress porque a EE ou a IA de x ou y ainda não está acabada e “OH MEU DEUS! O PRAZO DE ENTREGA É AMANHÔ. Isto tudo misturado com a êxtase sobre a perspetiva de receber e conhecer os novos first years, e a nostalgia que faz parecer que a Orientation Week foi só ontem…

A maneira como cada um lida com estes sentimentos é diferente. Uns dançam e cantam a toda a hora e em todos os cantos do campus, deitam-se ao sol a cada oportunidade que têm e só mostram a emoção debaixo dos cobertores, muito depois da hora de dormir. Outros esvaziam as gavetas e estantes, livram-se de tudo o que é alusivo a SATs e ACTs, vendem roupas, dão peças de arte e passam tudo o que é passdowns em sua posse a quem os merecer. Outros ainda mal se vêem pelo campus, escondidos dos sorrisos e lagriminhas em cada um dos nossos olhos.

Enfim, um tornado de emoções, que queimam e ardem debaixo da pele e nos deixam a viver nos limites de tudo o que é sentimento.

E com isto, deixo-vos para me ir deitar na relva.

Mariana – Li Po Chun UWC, Hong-Kong (2016-2018)

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Project Week no Japão :D

De volta aos updates meio atrasados. Desta vez, sobre a Project Week no Japão!

O bilhete de avião tinha escrito “Japan” e, imediatamente, imaginei templos de monges,samurais por todo o lado e tudo o que é cenário do Doraemon. Sem mais nem menos, aterrámos numa cidade fria, silenciosa, de arrepiar mas também de celebrar, e, acima de tudo, fofinha, fofinha. Parecem adjetivos contraditórios. E até são,mas foi assim que me senti. Porque fomos ao Japão? perguntam vocês… Organizámos a World Peace Youth Conference em Hiroshima (até soamos importantes), sobre o caminho para a Paz e incluindo fatores como energia e armamento nuclear.

Durante uma semana iniciámos a conversa pela Paz mundial, debatemos sob as perspetivas de vários países num Modelo das Nações Unidas – com o objetivo de encontrar “resoluções” para o (des)armamento nuclear a nível mundial – e visitámos monumentos, ilhazinhas, parques, ruas, avenidas, jardins, centros comerciais (claro!), coffee shops e praças num local outrora pintado de negro e encarnado mas que agora vibra com cada cor. Visualizámos vários documentários sob diferentes perspetivas da guerra, ouvimos os testemunhos de alguns sobreviventes e familiares de sobreviventes da bomba, em primeira mão e aprendemos mais sobre Hiroshima e o quão foi devastada pela explosão/radiação de uma das bombas que pôs fim à segunda guerra mundial- como escrito em tantos livros de história praí do sétimo ou oitavo ano, se não me falha a memória. (The Day They Dropped The Bomb foi um dos documentários que visualizámos, recomenda-se)

Outras escolas e colégios se juntaram a nós, incluindo o UWC Thailand. O Diogo voou para o Japão para me ver. Amoroso.

Se algum dia estiverem perto de Hiroshima, não se esqueçam de visitar o Parque da Paz, o Museu da Paz, o Museu da Caligrafia, o castelo de Hiroshima, toquem o sino na estátua de Sadako Sasaki, ponham-se tanto no elétrico como no ferry a caminho de Miyajima, experimentem o sushi, sashimi, rice balls, miso soup, pickled vegetables, dumplings, as panquecas, donuts, pudins e todos os snacks e pratinhos tradicionais em que possam por as mãos. E falem, critiquem, especulem, encontrem-se muito.

Arigatôgozaimasu!

Mariana – Li Po Chun UWC, Hong-Kong (2016-2018)

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Fazer-se à estrada (ou ao mar!)

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O quê?! Outro post?!! Em menos de uma semana?!!!

Não se habituem.

Escrevo-vos às cinco da tarde de um domingo, no meio de trabalhos de casa e preparações de apresentações. Foi-me dito que não falo sobre a vida escolar tanto como falo da vida fora da escola (que, admita-se, é bem mais entusiasmante) por isso, aqui estou eu. Com o prazo das candidaturas aos UWC a fechar amanhã (dia 23), venho contar-vos um bocadinho mais sobre as aventuras de sala de aula (que também são muitas!).

Não temos muitos testes por disciplina, mas quizzes (“mini testes” de 15/20 minutos) são a dar com um pau, perdoem-me a expressão. Como os horários são em ciclos e não semanais, como expliquei num post anterior, a cada dia 1 do ciclo tenho quiz de química, (ocasionalmente) de biologia e os quizzes de matemática calham quando o diabo escolhe. Apresentações temos de fazer milhares. Brincadeira, dezenas. Temos comentários orais e escritos dia sim dia não e trabalhamos em conjunto para debater sobre assuntos super variados.

Os principais elementos de avaliação, para o senhor IB, são as EE (Extended Essays) e IA (Internal Assessment), que consistem em coleção de data e a respetiva análise. Teses e teses e teses e teses e teses. Mas estes dois, embora já apresentados e introduzidos como métodos de avaliação desde o início, só são realmente feitos no segundo ano do IB (ou entre o primeiro e o segundo; trabalho de férias, woohoo!)

Com Self Taught (Literatura Portuguesa A) os prazos para as avaliações são mais apertadinhos – oito livros para ler e interpretar até fevereiro!!! -, visto que vou terminar esta disciplina num ano em vez de dois.

Temos imenso trabalho e, claro, os dias só têm 24 horas, por isso, fazer o equilíbrio do triângulo social-dormir-estudar é difícil! Mas não é impossível! Quatro meses de IB e ainda estou a tentar entrar na onda. As pessoas e a cidade e os pequenos (grandes) momentos de ligação à nossa própria humanidade fazem o stress valer a pena. A vulnerabilidade une-nos. Independentemente de não falarmos tanto com esta ou aquela pessoa, assim que admitimos que precisamos de ajuda ou que não estamos completamente certos do que estamos a fazer, assim que passamos por dificuldades, estamos automaticamente acompanhados. Há um apoio mútuo que me impressionou quando primeiramente o senti (e o ofereci). É como ter uma outra família, passageira, mas (quase) tão importante como a da terrinha natal. Nem tudo é um mar de rosas, com certeza, mas podemos sempre fazer do nosso presente o melhor mar que conseguirmos e marearmos por ele com um sorriso na cara. Ou, pelo menos, sabemos que tentámos.

De qualquer maneira, estou em casa longe de casa.

(Espero que se tenham candidatado, sem hesitações, com alguns medos, e com muito entusiasmo!!! Boa sorte para todos os que puseram a primeira bandeira na possibilidade da jangada!)

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Mariana – Li Po Chun UWC, Hong-Kong (2016-2018)

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De volta ao outro lado do mundo (literalmente)

E estou de volta ao literal outro lado do mundo que é agora também o meu.

Há uma semana que voltei a dormir no meu metro quadrado, como gosto de lhe chamar com algum ressentimento mas com ainda mais carinho. Tem sido esquisito. Demorei um bocadinho a habituar-me à meia-cama e à falta de paredes, mas imensas fairy lights e umas noites (quase) sem dormir depois e estou de volta à vida “””normal””” no LPC.

No espaço de uma semana já tivemos um GIF (Global Issues Forum, debate, desta vez, sobre Correção Política) e uma College Meeting (todos os alunos se juntam no auditório para discutir assuntos relativos à escola, atividades /dinamizações que estão para vir e falar de preocupações ou tópicos que precisam ser comunicados a toda a comunidade). Entre aulas, QCs, tentar dormir, tentar comer, trabalhar para o IB e ainda reuniões de bloco, de noites culturais e de família com a tutora, impossível não estar cansada. Mesmo só depois de uma semaninha e meia. Há, claro, todas as coisinhas boas:

  1. a conveniência de ter o metro aqui ao lado
  2. ver os amigos e amigas todos os dias
  3. as conversas no telhado
  4. as surpresinhas de cartas de amigos do outro lado do mundo (não o vosso, o outro-outro lado do mundo)
  5. as etiquetas em tudo o que é comida no frigorífico do bloco
  6. o ginásio dia-não dia-não
  7. as duas horas de dança/coreografia às sextas feiras
  8. as duas horas de dança com as companheiras de quarto todos os dias
  9. o friozinho quente de Hong Kong

E no jeito de acrescentar um enorme parêntesis às coisinhas boas mas com cheirinho a exceção:

No passado sábado, foi-me dada a oportunidade de ir à Academia de Artes Performativas de Hong Kong ver o musical Wicked “straight out of New York’s Broadway”. Foi um sonho. Já tinha na lista da bota ir ver um musical da Broadway ao vivo há imenso tempo. Prometo que chorei de alegria. Check out the teaser:

Mariana – Li Po Chun UWC, Hong-Kong (2016-2018)

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“Problemas” de UWCer

Aqui fica uma lista de (quase) todos os nomes (que não são o meu) que me chamaram nos passados três meses em Hong Kong:

  • Marciana (este foi um erro no sistema, adicionaram um c antes do i quando só lá devia estar o r… dá para rir um bocadinho)
  • Marina
  • Macarena (seguido de uma dancinha a combinar)
  • Marinara (nem sei)
  • Marijuana (desta já estava à espera)
  • Maria
  • Marianinha (não são só os meus avós que me diminuem o nome)
  • Mari

 

Mariana, Li Po Chun UWC – Hong-Kong (2016-2018)

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Quase…

Estou a quase duas semanas de dois acontecimentos importantíssimos: a ida a Portugal por três semanas (coisa pouca, se querem saber a minha opinião) e o final do período (UGH45).

Gostava de poder dizer que vão ser duas semanas relaxadas, de pés debaixo da manta, a ver filmes e beber chocolate quente no friozinho que entretanto nos deu a honra de aparecer mas os prazos de entrega de trabalhos, apresentações e testes são tantos que, se tiver tempo para me sentar a beber o café aguado da cantina, já me considero sortuda. Estudar duas línguas a nível avançado, duas ciências, matemática e geografia, também a nível avançado, é um risco que sou demasiado teimosa para não tomar. E a jeito de por mais água na fervura, as aulas de Theory of Knowledge começaram a meio deste período. Para tentar explicar esta disciplina: a minha maior frustração quanto a ela é ficar a saber que não sei tanto como penso que sei e ser constantemente questionada sobre o que sei e não sei e (pior!) aquilo que não sei que sei mas no fundo sei mesmo bem. Nem sei… Complicado? Imaginem uma hora disto…

As notas do período têm chegado às pinguinhas: um email aqui, outro acoli, professores diferentes demoram mais ou menos tempo a dar-nos a previsão da nota individual da sua disciplina. Numa escala de 0 a 7, um 4 ou 5 a química de nível avançado é uma boa nota-base para começar, certo? (Precisando de motivação.)

As boas(?) notícias são que ainda há duas semanas para quizzes e testes (de matemática no último dia de aulas, alguém que me atire a bóia) e mini apresentações cujos pontinhos contam todos. Numa nota mais positiva, este primeiro período vale “apenas” 20% para a nota final do IB por isso mesmo que falhe completamente tudo o que é aula (ai ai que a minha mãe preocupada está a ler isto: não vai acontecer, não te preocupes, sim?) ainda há esperança de ter uma nota final do IB de (pelo menos) 40. #IB45 é que se calhar já não é possível. Ora bolas.

A vontade de fazer as malas quase que domina a lógica diária, principalmente quando ouço promessas de bacalhau com natas, lasanha, broinhas do Dia do Bolinho (que não pude celebrar visto que não é um feriado muito popular em Hong Kong, vá-se lá saber porquê), bolo de iogurte, pastéis de nata, o café verdadeiríssimo e, basicamente, tudo o que não tem arroz (exceto a morcela). Acho que também vou gostar do conduzir  no lado correto da estrada, que isto de ser tudo do lado esquerdo já me ia custando uma costela ou duas (as senhoras e senhores que andam no Metro não são nada amigáveis no que toca a correr para a carruagem correta).

Não vou falar do Natal e celebrações lá pelo meio (aniversário no dia 12) porque ficava aqui durante o resto do dia e vocês envelheciam só de ver tantas palavras juntas. Fica, então, para um próximo post.

Mariana, Li Po Chun UWC – Hong-Kong (2016-2018)

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China Week ’16

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“Olha, até eu tinha saudades de me ler.”

Mais um mês se passou e eu nada. Desculpem lá. O que importa é que estou de volta e trago notícias, não é? Vamos lá.

Há duas semanas (blá blá blá já sei que venho com muito tempo de atraso blá blá blá) soubemos qual seria o nosso destino de China Week. A China Week é uma semana para convívio e aprendizagem com os nossos co-years. Normalmente os alunos do primeiro ano saem de Hong Kong enquanto os second years trabalham nas avaliações do IB, mas por recorrentes problemas com vistos para a mainland China, a escola tem sempre de criar, pelo menos, uma semana de atividades que não implique documentos oficiais. Com isto quero dizer: fiquei em Hong Kong.

De início, confesso que fiquei um bocadinho triste por não ter a oportunidade de explorar uma outra parte da Ásia. No entanto, depressa aprendi que esta semana não é sobre ondese vai mas com quem se vai. As pessoas fazem as memórias muito mais vivas, mais coloridas, independentemente do espaço físico onde tudo se passa.

O grupo de pessoas com quem fui era super dinâmico. Liguei-me a pessoas com quem nunca tinha sequer interagido, aprendi imensas coisas práticas que nunca teria tido a oportunidade de aprender em Portugal ou, pelo menos, dentro do sistema de ensino português. Aviso: o próximo parágrafo vai-se tornar (demasiado) sério. You’ve been warned.

Hora de falar de um dos porquês que me motivou a vir: o ensino português nunca foi muito a minha praia. Claro que tirei “boas” notas, mas saber que há mais para além de estar sentada numa sala de aula durante seis horas para depois despejar matéria numa folha de papel fez-me não me querer conformar com o que estava a viver. As coisas são muito diferentes (e, devo dizer, bem mais interessantes) fora da bolha em que vivemos. Há muito mais para além das quatro paredes e da secretária meio-destruída que nos é incutida desde pequenos. Com isto não quero dizer que devemos todos por a vidinha num avião e lá vamos nós para o (literal) outro lado do mundo. Nada disso. Às vezes, basta mostrar interesse. Dar um passo fora do quarto dos papás. Ler um livro controverso. Conhecer a aldeia ao lado da tua. Experimentar. EXPERIMENTAR. PRATICAR. MEXER. Sair à rua e gritar que não queres mais estar sozinho na tua luta. Sair à rua e lutar. Contra a pessoa que és agora, a favor da pessoa que queres ser. Basta querer. (E ter uns pais fantásticos que te apoiam mesmo quando lhes dizes que a tua vida está a 10000 km deles.)

Ufa. Ok, discursos àparte, devo dizer que no primeiro dia de Dragon Boating (a China Week que me obrigou a acordar às seis da manhã todos os santos dias) ia morrendo. A sério, remar por 10 km de maneira sincronizada é bem mais difícil do que parece e, embora me esteja a rir em (quase) todas as fotos, acreditem que por dentro estava a amaldiçoar tudo o que era santinho no Céu. Malditos.

Não foi tão mau como estou a fazer parecer, diverti-me imenso, mesmo quando a minha temperatura corporal desceu até aos 20ºC. Lol. Enfim, chegámos à ilhazinha onde iríamos acampar depois de sete horas de mar e outras duas de caminhada. Podem ficar impressionados, até eu fiquei.

Ao longo dos quatro dias fomos atacados por vacas, mosquitos, os remos uns dos outros, o mar em si, umas quantas rochas (ainda tenho uma marca no braço por causa da escalada, quem diria que não sou do tipo desportivo), fogo (não me queimei a fazer pão porque não calhou, obrigada Universo) e até pelos chuveiros (água fria todos os dias, só para aprendermos a apreciar os duches no campus).

Mas também vimos coisas maravilhosas: a vista podia ser facilmente confundida com uma proteção de ecrã do Windows, o templo dos deuses da Saúde e da Justiça  (depois do incenso que queimei espero que tudo o que é meu ou dos meus esteja abençoado para o resto da vida), o sol, o mar!!!!!!, os sorrisos uns dos outros (awwwww).

Chegámos ao campus como quem chega à praia depois de meses perdido no mar. Nunca estive tão contente por ver o metro quadrado a que chamo “meu quarto” ou “my room” porque tudo aqui é em inglês e acho que já não sei portuguesar convenientemente.

ChinaWeek8.jpgMariana, Li Po Chun UWC, Hong-Kong (2016-2018)

 

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CoP Day!

Dia 06 de outubro foi CoP Day! Ou seja, passámos um dia de família com os nossos vizinhos de bloco. Cada bloco (residência) deslocou-se a um sítio diferente e organizou atividades para os seus habitantes.

As “tartarugas” puseram-se num autocarro e depois num ferry e, por volta das 11h, estávamos em Cheung Chau, uma ilha lindíssima, super pitoresca, à beira do mar.

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Começámos por escolher o tipo de caminhada que queríamos fazer (sempre tendo em mente o valor UWC “personal challenge, personal challenge, personal challenge”). Achei que o nível médio seria suficientemente desafiante para mim e por isso juntei-me ao grupo e lá fomos nós.

Os cheiros e as cores eram imensos e, apesar de um pouco estranho de início, apaixonámo-nos pela ilha. Caminhámos durante umas horas, passámos por uma gruta e, finalmente, chegou a hora de almoço. Entre cantorias, mini danças e muitas fotografias, finalmente chegámos ao “restaurante” escolhido. Antes de vir, achei que ia ter imensa dificuldade em habituar-me à comida, visto que não há mamã para fazer uma lasanha maravilhosa, nem um bacalhau com natas à disposição. Estava errada: até agora gostei de (quase) tudo o que provei. Dumplings, egg tarts, dim sum, gelado de chá verde e um milhão de outras coisas deliciosas.