Mais um post super atrasado… Não me olhem assim.
Cheguei a Hong Kong há 2 semanas e já tenho a agenda cheia. O campus tem estado meio vazio, os primeiros aninhos só chegam dia 4 de setembro, e as emoções têm sido contidas mas fortes.
Depois de três meses em Portugal, voltar ao literal outro lado do mundo não foi tão fantástico e brilhante como achei que iria ser. Pelos vistos, estar no campus sem metade dos seus habitantes, sem metade dos amigos, sem metade da alma, custa mais do que parece. Não me entendam mal, estou entusiasmada por ter primeiros anos a encher os corredores daqui a poucos dias, mas até lá, tudo me lembra dos meus segundos anos, uns mais queridos que outros, e os quartos meio vazios não estão mesmo a ajudar… É que passar pelo bloco X e ter de parar por um segundo para retomar a respiração não é fácil. Tão pouco o é ter co-years a ocupar os cantos “das pessoas Y ou Z” que já se graduaram e não vão mesmo voltar.
Percebo que estas duas semanas de reconexão com o pessoal do meu ano seja necessário mas caramba, ninguém me avisou que ia ser assim tão difícil lidar com a ausência de determinadas pessoas. Será que todos receberam o manual de instruções menos eu? Onde estão as minhas indicações sobre o que fazer quando são 3 da manhã e não consigo dormir porque nada parece certo?
“Mariana, que dramática, credo!”
Eu sei. Aborreço-me a mim mesma e aborreço os que estão à minha volta, e, para não se sentirem excluídos, vim aborrecer-vos também.
No entanto, e para levantar o espírito da coisa, também tenho de dizer que nem tudo é mau. Ainda só passaram uma dúzia de dias e noto que a relação com os nossos professores deu uma volta de 180º. Não que fosse negativa ou derrogatória no ano passado, mas agora que já nos conhecem, há mais sorrisos pelo corredor, mais “bom dia”s em português atabalhoado, mais “I’m happy to support your ideas” e mais “come over any time!”/”podes vir jantar quando quiseres!”…
As aulas têm sido mais calmas, mais divertidas (?) e menos apressadas. Deixámos de passar pela matéria, pelas atividades de laboratório, a correr, e passámos a refletir nelas e a tomar o nosso tempo para entender instruções. Tem sido menos caótico do que pensei que fosse. Parece bom demais para ser verdade.
Por outro lado, sinto que tenho sido mais eu do que fui no início do ano passado. Fez sentido? Acho que passo mais tempo comigo própria, com a minha companheira de quarto e com os amigos e amigas que realmente importam. Tenho tido tempo para conversar com algumas pessoas com quem ainda não tinha falado muito e para me sentar no meu cantinho que agora está completamente decorado (à exceção de fotos e notas na parede) e pensar. Às vezes demais.
Dormir tem sido difícil, não sei se pelo jet lag, se pelos milhões de coisas em que pensar, mas nem o café de manhã está a ajudar muito. Com visitas de universidades, reuniões com tutores, aulas, datas de entrega de trabalhos e teses e preparações para acolher os primeiros anos, acho compreensível que as sestas durante o dia sejam regulares.
Stay tuned!
P.S. – No dia 24, o tufão Hato (nível 10!) passou por Hong Kong, Macau e China continental (vindo das Filipinas). Não tivemos aulas nem pudemos sair dos blocos, mas estamos todos bem e a ajudámos a limpar o campus.
Mariana, Li Po Chun UWC – Hong-Kong (2016-2018)