Publicado em UWC Dilijan

Sempre a subir!

Aqui ficam algumas fotos de uma hike que tivemos há duas semanas 🙂

Fomos até ao ponto mais alto de Dilijan! Não há palavras que descrevam tudo o que andamos a viver, mesmo!

Leonor & Beatriz – UWC Dilijan, Arménia (2017-2019)

Publicado em UWC Changshu China

Depois de um dia intenso, estou deitada na minha cama a pensar no quão sortuda sou e no quão incríveis têm sido os meus últimos dias. No quão surreal tudo isto é.

Estou deitada a pensar no meu trabalho de casa de Economia. Muito sinceramente, não me lembro de alguma vez me ter sentido tão feliz ao pensar num trabalho de casa. Tenho que fazer uma apresentação comparando indicadores económicos e sociais de diferentes países. Estava a pensar falar sobre Níger e quando me deparei com a minha falta de conhecimento sobre a realidade neste país, apercebi-me que a solução estava a dois quartos de distância. Bastou-me fazer uma visita ao quarto de uma co-year de Níger para adicionar mais uma peça ao enorme puzzle que tento, diariamente, construir.

Estou deitada a pensar na viagem de táxi que fiz ontem, rumo a Wuxi. Éramos cinco (da Noruega, Coreia do Sul, Irlanda, Argentina e Portugal) num táxi onde cabiam quatro, com o condutor mais simpático que se possa imaginar. Para não fugir à eficácia que está sempre tão presente na cultura chinesa, o nosso taxista contornou a barreira linguística através de uma aplicação no telemóvel para onde ele falava em chinês e que reproduzia o que ele dizia em inglês e vice-versa. Através da aplicação ele contou-nos que tem uma filha de 19 anos que acabou agora o ensino secundário e que está prestes a entrar na universidade. Sendo esta uma confissão que à primeira vista parece irrelevante, foi, naquele momento, uma sensação de partilha e de felicidade enorme. Felicidade por ver que o orgulho que transbordava daquele pai era tão grande que ele decidiu tirar alguns minutos das TANTAS e tão cansativas horas seguidas de trabalho para partilhar com um grupo de desconhecidos a conquista da filha.

Estou deitada a pensar na conversa que tive com uma second year dinamarquesa sobre os plásticos que individualizam as peras que nós comemos aqui no colégio. Cada pera vem envolta num saquinho plástico, sendo um desperdício enorme e uma prática muito pouco sustentável. Já foram várias as intervenções dentro do colégio para encontrar uma solução para esta situação, mas, enquanto não conseguimos solucionar o problema, esta second year dinarquesa decidiu reunir todos os plásticos de todos os alunos com a intenção de os aproveitar para fazer peças de roupa para um desfile de moda com roupa feita unicamente de material reciclado.

Estou deitada a pensar que daqui a 6 horas vou acordar para assistir aos meus queridos co e second years muçulmanos a rezar. Muçulmanos de todo o planeta estão a celebrar o Festival Eid (Festival do Sacrifício) e nós fomos privilegiados com uma sessão hoje a explicar a história por de trás do festival (tivemos, inclusivamente, direito a experimentar comida tradicional desta época festiva) e amanhã temos a oportunidade única de presenciar um dos momentos em que diferentes pessoas, com vidas diferentes, ideias diferentes, países diferentes, mas com as mesmas crenças, se unem a rezar.

Estou deitada e voltei a pensar no quão sortuda eu sou.

 

Júlia, UWC Changshu China (2017-2019)

Publicado em UWC Li-Po Chun

Manual de instruções precisa-se!

Mais um post super atrasado… Não me olhem assim.

Cheguei a Hong Kong há 2 semanas e já tenho a agenda cheia. O campus tem estado meio vazio, os primeiros aninhos só chegam dia 4 de setembro, e as emoções têm sido contidas mas fortes.

Depois de três meses em Portugal, voltar ao literal outro lado do mundo não foi tão fantástico e brilhante como achei que iria ser. Pelos vistos, estar no campus sem metade dos seus habitantes, sem metade dos amigos, sem metade da alma, custa mais do que parece. Não me entendam mal, estou entusiasmada por ter primeiros anos a encher os corredores daqui a poucos dias, mas até lá, tudo me lembra dos meus segundos anos, uns mais queridos que outros, e os quartos meio vazios não estão mesmo a ajudar… É que passar pelo bloco X e ter de parar por um segundo para retomar a respiração não é fácil. Tão pouco o é ter co-years a ocupar os cantos “das pessoas Y ou Z” que já se graduaram e não vão mesmo voltar.

Percebo que estas duas semanas de reconexão com o pessoal do meu ano seja necessário mas caramba, ninguém me avisou que ia ser assim tão difícil lidar com a ausência de determinadas pessoas. Será que todos receberam o manual de instruções menos eu? Onde estão as minhas indicações sobre o que fazer quando são 3 da manhã e não consigo dormir porque nada parece certo?

“Mariana, que dramática, credo!”

Eu sei. Aborreço-me a mim mesma e aborreço os que estão à minha volta, e, para não se sentirem excluídos, vim aborrecer-vos também.

No entanto, e para levantar o espírito da coisa, também tenho de dizer que nem tudo é mau. Ainda só passaram uma dúzia de dias e noto que a relação com os nossos professores deu uma volta de 180º. Não que fosse negativa ou derrogatória no ano passado, mas agora que já nos conhecem, há mais sorrisos pelo corredor, mais “bom dia”s em português atabalhoado, mais “I’m happy to support your ideas” e mais “come over any time!”/”podes vir jantar quando quiseres!”…

As aulas têm sido mais calmas, mais divertidas (?) e menos apressadas. Deixámos de passar pela matéria, pelas atividades de laboratório, a correr, e passámos a refletir nelas e a tomar o nosso tempo para entender instruções. Tem sido menos caótico do que pensei que fosse. Parece bom demais para ser verdade.

Por outro lado, sinto que tenho sido mais eu do que fui no início do ano passado. Fez sentido? Acho que passo mais tempo comigo própria, com a minha companheira de quarto e com os amigos e amigas que realmente importam. Tenho tido tempo para conversar com algumas pessoas com quem ainda não tinha falado muito e para me sentar no meu cantinho que agora está completamente decorado (à exceção de fotos e notas na parede) e pensar. Às vezes demais.

Dormir tem sido difícil, não sei se pelo jet lag, se pelos milhões de coisas em que pensar, mas nem o café de manhã está a ajudar muito. Com visitas de universidades, reuniões com tutores, aulas, datas de entrega de trabalhos e teses e preparações para acolher os primeiros anos, acho compreensível que as sestas durante o dia sejam regulares.

 

Stay tuned!

P.S. – No dia 24, o tufão Hato (nível 10!) passou por Hong Kong, Macau e China continental (vindo das Filipinas). Não tivemos aulas nem pudemos sair dos blocos, mas estamos todos bem e a ajudámos a limpar o campus.

 

Mariana, Li Po Chun UWC – Hong-Kong (2016-2018)