Publicado em UWC Adriatic

Italian Week

A semana passada foi uma semana muito especial. Como sabem, ou não, devido à variedade de culturas aqui nos colégios, os alunos organizam as chamadas “semanas culturais” que acontecem, ano sim, ano não, de forma a que os alunos as experienciem pelo menos uma vez. Temos a semana do Médio Oriente,a semana Caribe-Africana, entre outras. Bom, esta foi muito especial porque foi a semana italiana (Italian Week), onde celebrámos a cultura da nossa segunda casa, Itália.

O colégio conta com 25 alunos italianos e eles tomaram decisões acerca dos organizadores, dos eventos, do jantar e do espetáculo final. Segunda, terça e quarta-feira houve filmes, conversas sobre a resistência italiana durante a Segunda Guerra Mundial e claro, sobre a máfia. É muito interessante poder ouvir a perspectiva de alguém que vive num sítio onde a máfia ainda é um tema corrente, como em Palermo, e saber a opinião deles quando ouvem frases como “Os italianos são todos uns mafiosos!”. Chega quinta-feira e começa a comida pela qual o país é conhecido. Os alunos organizaram um workshop chamado “Italians Cook It Better” onde todos pudemos aprender a fazer a nossa massa, em vez de a comprar no supermercado. Mais tarde, todos saímos para a praça central, “Piazza”, onde celebrámos o San Niccolo, bebendo chocolate quente ou vinho quente, sendo neste dia que se entregam os presentes de Natal nesta região. Sábado foi a loucura, todos os italianos juntaram-se e cozinharam para o colégio inteiro. O alunos tinham de pagar uma pequena quantia que seria depois doada à Cruz Vermelha Italiana, que tem feito um trabalho espetacular a salvar refugiados no Mar Mediterrâneo. E como o colégio do Adriático é conhecido por dar especial importância às artes, não se podia ter uma semana sem um espetáculo. Poemas, sketchs e músicas italianas encheram o público de uma felicidade imensa. Chegou Domingo e um espírito nostálgico instalou-se. Era o último Domingo antes das férias e decidimos juntar-nos no jardim da escola, onde bebemos chocolate quente, como é tradição em Itália, jogámos e cantámos canções italianas com grande significado, como a canção “Bella Ciao”, que os resistentes ao fascismo cantavam.

O colégio do Adriático é verdadeiramente especial, está carregado de histórias incríveis e a cultura italiana faz parte delas. Uma semana só não é suficiente para celebrar o país e a cultura que agora consideramos ser a nossa “segunda casa”, mas foi uma semana deveras especial.

Inês, UWC Adriatic – Itália (2016-2018)
(foto: Rita, UWC Adriatic – Itália (2013-2015)

Publicado em UWC Li-Po Chun

“Problemas” de UWCer

Aqui fica uma lista de (quase) todos os nomes (que não são o meu) que me chamaram nos passados três meses em Hong Kong:

  • Marciana (este foi um erro no sistema, adicionaram um c antes do i quando só lá devia estar o r… dá para rir um bocadinho)
  • Marina
  • Macarena (seguido de uma dancinha a combinar)
  • Marinara (nem sei)
  • Marijuana (desta já estava à espera)
  • Maria
  • Marianinha (não são só os meus avós que me diminuem o nome)
  • Mari

 

Mariana, Li Po Chun UWC – Hong-Kong (2016-2018)

Publicado em UWC Changshu China

24 hours filmmaking project

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O 24horas filmmaking project foi sem dúvida um dos melhores desafios com que me deparei. O nome é bastante elucidativo mas basicamente um grupo de alunos tem de criar uma curta metragem em 24 horas. Neste período de tempo estão incluídas a elaboração do guião, as gravações e a edição das imagens.

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Foi um fim de semana alucinante e extremamente exigente mas graças ao guião fantástico da Ana e ao meu cast maravilhoso Xueying, Malva, Hoya e Sinestro, acabámos por conseguir alguma coisa. O género que nos calhou foi “Guerra” e por isso o nosso filme gira em torno da guerra na Síria e dos capacetes brancos (White Helmets).


Um agradecimento especial ao Fabian por ser o mais espetacular co-realizador que se pode ter, considerando que tudo com “bem, eu ofereci-me para actriz/guionista”, seguido de “nós conseguimos fazer isto”, até chegar a “que orgulho deste filme”.

Maria, UWC Changshu – China (2016-2018)

 

Publicado em Pós-UWC, Short Course UWC

Mortes a conta, peso e medida

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2016.

29 de Agosto, Iémen, 60 mortos.

4 de Novembro, Turquia, 9 mortos.

21 de Novembro, Afeganistão, 32 mortos.

24 de Novembro, Iraque, 75 mortos. (…)

A morte há muito que fez do Médio Oriente um dos seus habitats naturais. Já não há choque, como se de lá tivesse feito morada. A morte há muito que fez do Médio Oriente casa…mas não é aqui que ela pertence…

De cada vez que há um atentado, sujeitam-se a lidar com ele. De cada vez que há um atentado… ah, se procurarem saber, claro. Porque nem todos os ataques têm a “sorte” de chegar aos nossos ouvidos, nem todos os atentados têm a “sorte” de aparecer em todos os nossos noticiários, nem todos os atentados têm a “sorte” de fazer as manchetes dos nossos jornais. Há certas mortes que não esbarram nas nossas caras, não entram pelos nossos televisores dentro, não ficam a pesar no ambiente da sala durante o jantar de família.

É uma discriminação dos próprios crimes. O nosso Diário de Notícias anda tão cheio de inutilidades, que os atentados “lá longe” não merecem relevância – são apenas mais um acontecimento Público de duração Expresso – tão rápida quanto ir buscar o nosso Correio, todas as Manhãs.

Então é necessária uma certa procura pela morte. De cada vez que há um atentado, forcem-se a lidar com ele. Procurem fotos (sim, são chocantes). Vejam vídeos (sim, fazem chorar). Vejam os filhos que perdem os pais e os pais que perdem os filhos. Obriguem-se a sentir este horror, para que nunca ignorem que ele existe. Para que não sejam indiferentes a mortes. Para que nunca recebam essa notícia com naturalidade. Para que vos choque sempre. Para que não passe despercebida. Para que as pessoas não se tornem meros números num rodapé de telejornal. As pessoas não são números. São idosos, adultos, crianças. São muçulmanos, cristãos, ateus. São europeus, asiáticos, africanos. São ricos, pobres, assim-assim. São homossexuais, bissexuais, assexuais, heterossexuais, transexuais. São sírios, belgas, iraquianos, franceses. As pessoas são pessoas, seja qual for o ponto do mundo em que morrem. São os obstáculos que ultrapassaram. São os sonhos que tinham. São o fim terrível e injusto que tiveram. É claro que há umas que nos tocam mais – o factor ‘’promiximidade geográfica’’ entra em acção. E sempre foi mais fácil ignorar a realidade, quando esta é dura. Mas ao não sabermos, vivemos numa realidade à parte… As vidas valem todas o mesmo. Não fiquem tristes só por algumas.

Inês – UWC Shortcourse “Peace by Piece”, Bósnia-Herzgovina (2014)

Artigo originalmente publicado no jornal do ISCSP.

Publicado em UWC Mahindra

Orgulho!

Hoje sou uma segundo ano mais feliz e com muito orgulho da Isis e do João – depois da votação, ambos foram eleitos para o College Assembly (os representantes dos estudantes) 😄💓💓!!

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Leonor, UWC Mahindra College – Índia (2015-2017)

Publicado em UWC Changshu China

Foreigners’ Talent Show 2016 na China!

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Parece mentira, eu sei! Mas isto sou eu e uma série de outros UWCers num cartaz promocional a uma espécie de Got Talent para estrangeiros que vai passar na televisão de Suzhou, aqui na China.

Sim, eu vim para aqui para estudar (e fazer todas as outras atividades que existem nos UWC), mas depois acontecem coisas destas 😀

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Tudo começou com a escola a pedir ao grupo de hip hop para preparar uma coreografia. Mas como o grupo é composto maioritamente de chineses (e o espetáculo é com estrangeiros na China), eu ofereci-me para me juntar ao grupo. Fizemos uma coreografia e enviámos um vídeo. Quando recebemos a notícia de que tínhamos passado automaticamente à final acharam melhor mudar a coreografia. Da de hiphop só se usou um terço e substituiu-se o resto com o CAS de multicultural dance (que estava a fazer uma dança queniana) e uma cena do Mamma Mia (eu por acaso fazia parte dos 2 e acabei assim por participar em todos).

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Ok, ballet é mais a minha praia mas é otimo explorar outras maneiras de mexer o corpo e a fluidez e dimensão dos movimentos que é completamente diferente daquela a que estou habituada. A Pia que é filipina também dança ballet, por isso tenho alguém com quem me identifico a nível de dança e temos também um rapaz, o Tyreis que dança muito mas mesmo MUITOOOO bem hiphop. Claro que também há pessoal que parece que tem 2 pés esquerdos mas acaba por tornar tudo mais divertido porque é nestas situações que posso ajudá-los. Já quando se trata de cantar eu sou um zero à esquerda porque detesto e aí ajudam-me eles a mim.

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Ao todo éramos 34; Portugal, Colômbia, Venezuela, Jamaica, Brasil, Luxemburgo, Índia/País de Gales, Alemanha, Guiana, Canadá, Chile, Noruega, Latvia, Trinidade, Hungria, Bulgária, Myanmar, Filipinas, Sudão do Sul, Quénia, Bielorússia, Angola, Gana, Itália, Argentina, Roménia, Espanha, Bélgica, Tawain, Albânia… (será que me esqueci de alguém?). Havia mais primeiros anos, mas também segundos anos e Pré-IB DP (que é um programa antes do IB Diploma Programme que existe em alguns UWC), e até ex-alunos UWC.

E estudar? Pois… Foi uma espécie de compromisso, no início, para o hiphop perdemos muitos fins de semana o que foi um bocado difícil de conjugar com tudo o resto (principalmente porque estamos a ter outros ensaios também ao domingo). Mas, organizando tudo e rentabilizando o tempo, funciona! Também ensaiámos muito antes desde depois do jantar até ao check e eu como estava nas 3 coreografias tinha de ficar do início ao fim. O truque? Levar coisas para o teatro e estudar lá. #ThePerksOfBeingADancer

A entrega de prémios foi estranhíssima! Primeiro chamaram imensa gente ao palco e deram troféus a todos. Depois chamaram 3 números, um dos quais o nosso e também nos deram um troféu e depois chamaram só 2 números e eles também receberam troféus.
Levar o “everyone´s a winner” num sentido literal!
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Maria, UWC Changshu – China (2016-2018)
Publicado em UWC Li-Po Chun

Quase…

Estou a quase duas semanas de dois acontecimentos importantíssimos: a ida a Portugal por três semanas (coisa pouca, se querem saber a minha opinião) e o final do período (UGH45).

Gostava de poder dizer que vão ser duas semanas relaxadas, de pés debaixo da manta, a ver filmes e beber chocolate quente no friozinho que entretanto nos deu a honra de aparecer mas os prazos de entrega de trabalhos, apresentações e testes são tantos que, se tiver tempo para me sentar a beber o café aguado da cantina, já me considero sortuda. Estudar duas línguas a nível avançado, duas ciências, matemática e geografia, também a nível avançado, é um risco que sou demasiado teimosa para não tomar. E a jeito de por mais água na fervura, as aulas de Theory of Knowledge começaram a meio deste período. Para tentar explicar esta disciplina: a minha maior frustração quanto a ela é ficar a saber que não sei tanto como penso que sei e ser constantemente questionada sobre o que sei e não sei e (pior!) aquilo que não sei que sei mas no fundo sei mesmo bem. Nem sei… Complicado? Imaginem uma hora disto…

As notas do período têm chegado às pinguinhas: um email aqui, outro acoli, professores diferentes demoram mais ou menos tempo a dar-nos a previsão da nota individual da sua disciplina. Numa escala de 0 a 7, um 4 ou 5 a química de nível avançado é uma boa nota-base para começar, certo? (Precisando de motivação.)

As boas(?) notícias são que ainda há duas semanas para quizzes e testes (de matemática no último dia de aulas, alguém que me atire a bóia) e mini apresentações cujos pontinhos contam todos. Numa nota mais positiva, este primeiro período vale “apenas” 20% para a nota final do IB por isso mesmo que falhe completamente tudo o que é aula (ai ai que a minha mãe preocupada está a ler isto: não vai acontecer, não te preocupes, sim?) ainda há esperança de ter uma nota final do IB de (pelo menos) 40. #IB45 é que se calhar já não é possível. Ora bolas.

A vontade de fazer as malas quase que domina a lógica diária, principalmente quando ouço promessas de bacalhau com natas, lasanha, broinhas do Dia do Bolinho (que não pude celebrar visto que não é um feriado muito popular em Hong Kong, vá-se lá saber porquê), bolo de iogurte, pastéis de nata, o café verdadeiríssimo e, basicamente, tudo o que não tem arroz (exceto a morcela). Acho que também vou gostar do conduzir  no lado correto da estrada, que isto de ser tudo do lado esquerdo já me ia custando uma costela ou duas (as senhoras e senhores que andam no Metro não são nada amigáveis no que toca a correr para a carruagem correta).

Não vou falar do Natal e celebrações lá pelo meio (aniversário no dia 12) porque ficava aqui durante o resto do dia e vocês envelheciam só de ver tantas palavras juntas. Fica, então, para um próximo post.

Mariana, Li Po Chun UWC – Hong-Kong (2016-2018)