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O início da aventura na Índia

“Para mim estes últimos dias têm sido uma experiência sem par! Estou a adorar conhecer pessoas de todos os cantos do mundo, e aprender com as suas experiências que em nada se assemelham às minhas. Com tudo o que tem acontecido estou entre “Só passaram 13 dias?” e “Já passsaram 13 dias!?” e mal posso esperar por tudo o que estes 2 anos reservam!”

Maria Francisca, ou “Pipa”, UWC Mahindra College – Índia (2018-2020)

 

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Uma Project Week mágica!

Olá, o meu nome é Isabel, tenho 17 anos, sou de Ponta Delgada em São Miguel, Açores e de momento estou no meu primeiro ano no Mahindra UWC, na Índia.

Sendo que já estou há quase 6 meses a viver aqui na Índia, eu pensava que a minha experiência já estava a ser fantástica e que não passava daí até porque aqui no colégio, além da semana de projecto, temos a India Experience Travel Week (em que viajamos para uma cidade de modo a experienciarmos o país ao máximo) e a minha foi para Nova Delhi e foi fantástica, pude ver o Taj Mahal, ver o norte da Índia e muito mais monumentos famosos e super interessantes. Ou seja, o meu primeiro ano, em termos de viagens, já tinha dado tudo o que tinha a dar.

Até que chegou a véspera da minha Project Week, que para quem não sabe, é uma semana que normalmente está relacionada com a nossa atividade de serviço à comunidade, sendo a minha “Nose up”: vestimo-nos e aprendemos a ser palhaços para depois em forma de performance, representarmos problemas atuais ou apenas fazermos pessoas (normalmente pessoas com deficiências) mais felizes! Como estava a dizer, chegou a semana de projeto e descobri que ia outra vez a Nova Delhi para explorar a vida dos Madari, uma tribo de artistas de rua. Claro que estava entusiasmada, está relacionado com actividades que adoro, mas nunca esperei que chegasse a um patamar acima disso!

Depois da viagem de comboio de 26 horas até Delhi (escolhemos comboio porque avião é muito “pesado” em termos ambientais) chegamos ao hostel, que é praticamente uma pousada da juventude e a aventura começou! Fomos para um parque para fazermos umas atividades relacionadas com diferentes culturas para estarmos cientes do contexto que íamos explorar mais tarde e também ficarmos mais próximos como equipa. Quando isso acabou o nosso “guia” (a pessoa que nos ajudou a preparar a viagem e que nos dá dicas para sítios bons onde comer) disse-nos: “Agora quero-vos apresentar Ishamudin, ele está no top 20 de melhores mágicos no mundo”. Bem, eu fiquei mesmo entusiasmada! Enquanto ele nos explicava tudo sobre a sua vida e como ele viajou por todo o mundo para competir e ganhar dinheiro como mágico eu só pensava na sorte que tinha por estar ali. Sempre admirei artistas de rua e tenho noção de que a vida deles é tudo menos fácil mas nunca pensei que iria realmente conhecer a tribo dele (que é praticamente a sua família toda) e poder interagir com eles e fazer mil e quinhentas perguntas. Ele também nos disse que, na Índia, os artistas de rua não têm direitos nenhuns e não têm lugar na sociedade, ou seja, além de ser ilegal ganhar dinheiro ao ser artista de rua (e não é possível, pelo menos por agora, mudar isso), eles vivem em favelas muito pequenas para os 6 mil artistas de rua em Delhi e com péssimas condições. O lado positivo disto tudo é que a maioria da sua família adora fazer magia e ganham dinheiro suficiente para sobreviver bem e até ter coisas como computadores, wifi e viajar um pouco.

Depois, além de nos mostrar um dos seus actos (que foi para além de tudo o que já tinha visto na minha vida!!) o nosso autocarro levou-nos até as tais favelas onde 2 das 7 tribos de artistas de rua (os encantadores de cobras, os cantores, os acrobatas, os que treinam animais, os dançarinos, os mágicos e os “impersonators”) e foi realmente muito intenso… Imaginem uma rua com pequenas “casas” quadradas e com pessoas em todo o lado, crianças nuas, mulheres a tentar limpar o chão embora eu ache que é escusado, imensas moscas a voar e a colar-se a tudo, juntamente com imensos tubos no chão e baldes cheios de água que é das duas uma, ou castanha ou límpida. Vê-se que apesar disto tudo eles são felizes, e que o principal problema é a canalização, cheirava mesmo a fossa e a lixo tudo por causa da falta de canalização. Eles fazem mesmo o melhor que podem para fazer a situação melhor, os seus sorrisos e olás estridentes fazem me esquecer tudo o que há de mau à minha volta. É  também incrível como o ambiente familiar deles, mesmo com as diferenças sócio-económicas e culturais, me faz da minha própria família! Em especial, da minha relação com os meus tios e primos que é muito próxima e especial.

De seguida, pudemos fazer perguntas às duas filhas do mágico Ishamuddin, a Jasmin e a Safira, e deixem me que vos diga, quando as conheci fiquei boquiaberta! A mais velha é a Jasmin e de momento ela está a criar o seu próprio negócio de artesanato (que já agora é lindíssimo o que elas fazem, nunca tinha visto nada igual). Além de ser gerente do seu próprio negócio que dentro de um mês irá ter uma presença online, ela tem tempo de fazer as suas tarefas domésticas (porque o papel da mulher nesta sociedade e na Índia em geral ainda é muito limitado) e ainda aprender várias línguas! De momento ela é fluente em inglês e está a aprender árabe e mandarim! Ela nem chegou ao 5º ano de escolaridade. Nem ela nem a irmã, e ambas têm expectativas fantásticas para a sua vida e são realmente sonhos que se podem tornar realidade, porque têm o apoio a 100% do seu pai, que todo o dinheiro que recebe vai para a internet, para o negócio de artesanato e para a aprendizagem de línguas. São pessoas extremamente interessantes e com valores bastante corretos, e nós todos apenas as vemos como ladras ou aldrabonas que querem roubar dinheiro das pessoas ao ser ajudantes do espectáculo de magia do pai.

É também importante referir que isto de eles serem mágicos é um negócio de família e cada família é uma tribo. Desde que se nasce as crianças são incentivadas a aprender tudo sobre esta arte (até porque é o que os rodeia) mas ao mesmo tempo a ter uma educação na escola, sendo que quando quiserem deixar a escola são livres de o fazer mas se quiserem estudar até à universidade, ninguém os irá parar. Conheci os primos da Jasmin e da Safira que têm 11 e 18 anos e um deles vai seguir a magia como o seu tio e o outro quer estudar animação na universidade e até agora tem dado provas que consegue! E para os que estão a pensar que as pessoas nesta tribo não conseguem pagar esse tipo de educação vejam que já têm 2 membros da família na universidade a estudar teatro e engenharia. Quando falava com eles senti mesmo que tudo era possível!

Hoje tínhamos como plano focarmo-nos num só dos membros desta enorme família (enorme mesmo, têm em média 6 a 8 filhos cada um) e eu fui num grupo e calhamos com o avô. Ele era realmente uma pessoa amorosa apesar de não saber falar inglês e termos que ter o tradutor sempre ao nosso lado. Começou por contar que tinha ido a Paris 3 vezes porque foi convidado para fazer magia nas ruas, mas que não tinha contado a ninguém que ia viajar o que deixou a sua família extremamente preocupada. A sua calma e serenidade enquanto dizia isto fez-me lembrar da minha avó paterna que era exatamente o mesmo tipo de pessoa. No meio de várias histórias engraçadas, foi buscar um albúm de fotos antigas e mais objectos mágicos e intrumentos musicais (eles fazem-nos à mão, têm sons mesmo incríveis e únicos e eu nunca tinha visto nada igual mesmo tendo estado no conservatório durante a maioria da minha vida). Fiquei deslumbrada com as fotos, porque juntamente tinha recibos de pagamentos pelos serviços prestados e documentos de identificação das décadas de 80 e 90. Depois de nos mostrar vários truques, o avô (que se chama Manoj Khan), decidiu mostrar-me (logo a mim!) o segredo do truque, que consistia em separar dois círculos de metal, afinal magia é muito mais inexplicável do que eu pensava! A parte mais importante para mim foi que ele notou que eu estava a praticar o tal truque várias vezes enquanto nós conversávamos então no final deu-me os seus 2 círculos de metal!! Ele tinha vários, mas os que ele me deu via-se que tinham um material diferente, era mesmo o conjunto oficial dele! Fiquei mesmo sem palavras, para ele eu sou uma estranha estrangeira que lhe faz imensas perguntas estranhamente específicas mas como ele viu que eu realmente gostava daquilo e que pratiquei bastante, fez questão de mo dar! Eu nunca me tinha sentido assim, um sentimento de gratidão e de amor às artes performativas veio ao de cima.

No meio disto tudo o nosso grupo foi discutindo (UWC style) o tipo de privilégio que temos, os problemas que eles enfrentam além da canalização e também que tipo de mensagem nós queremos transmitir como visitantes. Também há que referir que cada um faz da sua experiência o que quer, alguns dos participantes não estão a gostar assim tanto (talvez porque só agora é que se aperceberam do seu privilégio) e isto cria uma atmosfera meia estranha e desconfortável para os que estão realmente a adorar, como eu, é algo que acontece na maioria das atividades assim mais diferentes nos UWC.

A caminho da pousada, eu só pensava no porquê de eu ter esta oportunidade e no porquê de eu realmente ter querido candidatar-me aos UWCs e tudo fez sentido. Foi para estas experiências que eu mudei de casa para ir para um país sempre completamente associado a tudo o que é negativo. Foi por isto que sofri o processo de seleção e foi por isto que abdiquei do conforto da minha casa, amigos, família e escola. Apesar da minha vida ser igualmente boa em Portugal, não tem o mesmo sentimento e emoção. Assim consegui sair a 100% da minha zona de conforto e sentir-me confortável por estar fora da minha zona de conforto, por mais estranho que isto soe.

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E foi esta a experiência que mais me marcou nesta viagem, apesar de haverem mais umas 500 por contar. Hoje é quarta-feira, a nossa viagem está longe de terminada e tenho a certeza que daqui só vai melhorar visto que estamos a preparar uma perfomance incluindo estes artistas!

 

Isabel, UWC Mahindra College – Índia (2017-2019)

 

 

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O Mundo Unido a cantar “Amar pelos dois”

Os nossos alunos são verdadeiros embaixadores da Cultura portuguesa!
A propósito da final do Festival Eurovisão da Canção ensinaram os colegas a cantar a música “Amar pelos dois” em Português.
Amanhã não sabemos o que acontecerá, mas no “mundo unido” Salvador Sobral já ganhou!!

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Uma Montanha-Russa muito diferente da do FunCenter

Como dizia F. Scott Fitzgerald, “It’s a funny thing coming home. Nothing changes. Everything looks the same, feels the same, even smells the same. You realize what’s changed is you.”

Esta é provavelmente uma das frases mais repetidas por estudantes dos UWC. E todos nós reconhecemos que a situação se complica ainda mais quando aquilo a que chamamos “lar” se torna tão dinâmico e confuso. Quando regressei a Lisboa pela primeira vez, em dezembro de 2015, senti-me uma autêntica turista na minha própria cidade. Passear por ruas cujo nome sabia de cor, ir a restaurantes cujo menu se mantinha o mesmo, sair em estações de autocarro cujo trajeto tinha memorizado, ouvir as típicas conversas sobre a geringonça e a situação económica do país num autocarro, tudo isto estava igual. E, durante três semanas, tentei habituar-me à ideia de que apesar do conforto proporcionado, Lisboa era apenas um porto seguro. Quatro meses repletos de desafios, sapos na sanita, pôr-do-sol com uma vista sobre o vale; amizades criadas com jogos de lama, danças à chuva, tentativas falhadas de cantar música de Bollywood, convívios com chai às 3 da manhã e aulas tão cativantes com aquelas que foram as melhores discussões que tivera foram suficientes para criar um mundo totalmente diferente daquele a que estava habituada.

No entanto, 3 semanas em Lisboa não chegaram para que voltasse a ser uma alfacinha ou, pelo menos, para interiorizar de que ainda o era. Na verdade, 3 semanas em Lisboa fizeram-me perceber o quanto tinha mudado (Fitzgerald tinha toda a razão). Aquilo em que reparava era bem diferente ou mais nítido: a linguagem utilizada nas publicidades, o tipo de conversas à minha volta, onde é que as pessoas se sentavam num autocarro, a quantidade de papel que se usava para embrulhar um presente de natal, etc.

E, sem dar conta disso, o segundo período chegara. E, num abrir e fechar de olhos, já tinha terminado e estava na hora de empacotar todas as recordações do meu primeiro ano. Porém, durante aquilo que parecera milésimos de segundo de um movimento dos meus olhos, tornara a mudar. O mais intrigante é que com tantas caminhadas ao monte Wilko, fogueiras ao pé da piscina ao som da típica ‘Riptide’, jantares temáticos com italianos a queixarem-se da má qualidade da massa, aulas de química e sessões de ginásio que acabam por ser só rir (sempre trabalha os abdominais) não tivera tempo de refletir muito sobre a montanha-russa de emoções que ia vivendo. A primeira montanha-russa a que tinha ido fora a do FunCenter aos 8 anos. A montanha-russa para crianças passara a ser uma inexplicável força da Natureza (ou como lhe quiserem chamar) sobre a qual refletia.

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Vestida de palhaço, após uma sessão de Nose Up Medical Clowning (uma espécie de operação nariz vermelho mas que também inclui political clowning)
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Eu e alguns dos membros do meu grupo durante as mini-férias em Goa

O verão, precisamente por ser composto por todos os festivais de verão, idas à praia, saídas à noite, bailaricos da aldeia, sestas à beira do rio e conversas com a família em dias em que o sol só se põe às nove também não me deu a oportunidade de o compreender, de me compreender. Por outro lado, todas estas atividades e eventos que me tornam tão eu e que vivo tão intensamente com a minha família e amigos ajudaram-me a perceber que também com elas eu mudava e que também elas me iam fazer entender que, quando regressasse à Índia para o meu segundo ano, iria estar diferente. E, assim, o dilema de entender onde é que eu vivia mesmo permanecia, tal como a vontade constante e incessante de viver cada segundo ao máximo. Num rápido bater de coração, daqueles que soam a um coração preenchido de adrenalina, o avião para Mumbai descolara.

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Uma loja típica de Paud, a aldeia mais próxima da escola

Sempre tive uma certa curiosidade em relação à forma como expresso a mim própria como me sinto e uma curiosidade ainda maior sobre como é que o faço. Por vezes é através de karaokes (demasiado) barulhentos ao som de músicas com as quais me identifico, com o sabor de gelado que mais me marcou ou com o silêncio que de repente invadiu um espaço. E foi neste silêncio que comecei a refletir sobre quem era, as minhas ambições, os meus sonhos e tudo aquilo que tinha vivido até então. Percebera que tinha ocupado demasiado o meu tempo, talvez para evitar pensar muito sobre o assunto. Portanto aquele silêncio que se espalhara durante a viagem de autocarro de 6 horas para ir ao aeroporto buscar os primeiros anos iniciou uma reação em cadeia. De repente, a única forma de compreender o que se ia passando dentro da minha mente foi escrevendo um poema, uma autêntica novidade para alguém como eu que opta pelo conforto de um relatório laboratorial. E ficou mais ou menos assim (mais ou menos porque nunca voltei a pegar nele. Preferi deixá-lo como está: inacabado e com muito por dizer, por causa da consciência de que toda a experiência ainda não terminou):

6 Horas de silêncio

Este entusiasmo que para a Índia transportamos,
A ânsia de novas descobertas,
De mais portas abertas
É o que nos move e inspira para por um mundo melhor lutarmos

Os porta-bagagens dos camiões decorados
Bandeiras, Marathi, cores
As viagens em comboios apinhados
Rebentam-me choros enlevados

O cheiro latejante a incenso, a curcuma, a humanos
Um abafo intenso de cultura
Um mar de fruta, vegetais, especiarias – os sorrisos de ternura
Revelam a vontade de ter um período que não tem apenas momentos mundanos

Os prédios em construção nos bairros de pura confusão
Noites de conversa repletas de diversão
Desde política, ciência e sustentabilidade
A dúvidas existenciais e reconhecimento da nossa própria vulnerabilidade
Regressar tem o som do regozijo dos latinos durante o almoço

De um acordar com o chilrear de um pássaro que come um caroço

O guincho de um macaco durante uma viagem de bicicleta à aldeia

Um aglomerado de pensamentos durante a lua cheia
Regressar tem sabor
A todas as palavras que ficaram por dizer
Entoações que escassearam naquele último dia de calor
Antes de partir para mais um período de húmido e puro viver
À medida que estas instâncias me passam pela mente
Apercebo-me de que o que tenho pela frente
Não é apenas mais um ano,
Mas um sonho que se prolonga eternamente

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Vista sobre o vale da casa da árvore
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Eu e os meus primeiros anos portugueses, Isis e João, durante um dos nossos muitos jantares portugueses ao som de Deolinda, Anselmo Ralph, Sam The Kid, GNR e muitos mais

Leonor – UWC Mahindra College, Índia (2015-2017)

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Orgulho!

Hoje sou uma segundo ano mais feliz e com muito orgulho da Isis e do João – depois da votação, ambos foram eleitos para o College Assembly (os representantes dos estudantes) 😄💓💓!!

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Leonor, UWC Mahindra College – Índia (2015-2017)

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A Corrida

De volta às redes sociais!

Como devem calcular, aqui estão 40 graus e a época de exames ainda só vai a meio. Aliás, minto, a época de exames já está quase no fim. No entanto, esta necessidade interna de esticar o tempo faz com que, a uma semana de deixar o MUWCI, me sinta pronta para enfrentar mais um mês. Ou talvez não esteja assim tão pronta… Dois anos já se fazem sentir…Mas é um óptimo sentimento.

Wada 5
Só falta uma semana. Para Portugal, só depois de visitar Delhi e o grandioso Taj Mahal. Contudo, duvido que vá adorar a tão falada 7ª maravilha do mundo – quando já tive a oportunidade de observar maravilhas bem mais “mind-blowing” na colina paudience. Passo a enumerar algumas:

➤ Pessoas – conheci várias representações do conceito de génio. Desde adolescentes fora de série, com habilidades académicas e sociais como nunca vi; a adultos com histórias de vida (nem sempre boas) mas que nem por isso deixam apagar dos seus olhares a chama de criança.

➤ Perspectivas – Economia ensinou-me a definição de Pobreza. Políticas Globais explicou-me como avaliar Pobreza. Matemática mostrou-me como analisar Pobreza e as vilas… essas mostraram-me o que realmente é Pobreza…
Porque escolhi este exemplo? Porque me incomoda. Incomoda-me perceber que não fiz nada para minimizar algo que sempre esteve tão perto e presente. Achei eu que era uma verdadeira UWCer, mas dois anos não foram suficientes para fazer a diferença. Achei que mereceria o título de ” change maker” no final desta jornada, mas pelos vistos o pódio não está no final da corrida.
Agora está na hora de partir… Uma anestesia geral invade-me e impede-me de sentir ou assimilar a despedida que se aproxima. Senti o mesmo antes de vir. Posso concluir que MUWCI se tornou uma Casa, visto que inconscientemente me protejo da despedida dolorosa.
Saudade? Ainda não. Mas o Verão trará todas as maravilhas que vivi à memória e aí a saudade baterá à porta.

Já só falta uma semana. Só mais uma semana para poder começar a aplicar tudo o que aprendi, vi, vivi. Afinal, a corrida ainda nem começou…
PSG
– Francisca
UWC Mahindra College – Índia

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E a experiência ainda agora começou…

Jantar do UWC Day
Jantar do UWC Day

Olá a todos!

O meu nome é Leonor, tenho 16 anos e estou atualmente a estudar no UWC Mahindra College of India.

Neste post vou falar-vos um pouco acerca da minha experiência de viver no outro lado do mundo.

“Senhoras e Senhores, bem-vindos a Chhatrapati Shivaji Airport, Mumbai. É meia-noite e quarenta e cinco, hora local, e a temperatura lá fora é de 27ºC. Esperamos que tenha tido um bom voo com a nossa companhia aérea.“

Estas foram as primeiras palavras que ouvi no momento em que aterrei em solo indiano. Foi exatamente isto. Estava um passo mais próxima de me tornar numa estudante do Mahindra United World College, de obter as asas para voar ainda mais alto.

Enquanto me tentava orientar pelos colossais corredores do aeroporto, tive a sorte de encontrar as minhas primeiras duas colegas. Avistei uma t-shirt do UWC Bélgica e decidi iniciar diálogo com estas duas raparigas. Seis horas depois e após longas conversas e apresentações cheguei finalmente ao Campus.

Vista da casa da árvore, onde quase todas as tardes eu e algumas amigas nos sentamos a ouvir musica, a ler e a tomar chá enquanto apreciamos a incrível vista.
Vista da casa da árvore, onde quase todas as tardes eu e algumas amigas nos sentamos a ouvir musica, a ler e a tomar chá enquanto apreciamos a incrível vista.

O UWC Mahindra fica localizado no topo de uma colina com a vista mais incrível que alguma vez vi. Cada uma das suas características tão peculiares, como é o caso da casa da árvore, dos quartos com sótão, dos telhados para onde podes escalar, das caminhadas pelas vilas e colinas, uma fauna e flora totalmente novas, etc., tornam este local um autêntico acumular de emoções e vivências.

Vou contar-vos um pouco acerca das experiências mais intensas desde que aqui cheguei.

A primeira foi a semana de integração. Durante uma semana inteira tivemos a oportunidade de conhecer todos os alunos, de falar um pouco sobre as nossas culturas e de realizar diversas atividades. As mais entusiasmantes foram os jogos na lama (sim, lama!), o Buddy Ball, que consistia num baile com o teu Buddy (um segundo ano que te escolhe para tal) vestidos com um traje a condizer; todos os espetáculos e noites de jogos, etc. Essa semana terminou com a primeira ida a Pune, uma das cidades mais importantes do distrito de Maharashtra, logo a seguir a Mumbai. Há quem diga que a cidade tem 6, 10 ou 12 milhões de habitantes – um número brutal! Quando passas a viver num país tão populoso como a Índia, a ideia de “uau, tanta gente” muda completamente. Visitar uma cidade é totalmente diferente comparado com as vilas à volta do colégio. As cidades são uma autêntica confusão, tantos olhares, tantas caras desconhecidas. Por outro lado, as aldeias preenchem o teu coração. As pessoas são tão amistosas, sempre a saudar-te e a sorrir. A Índia é um país de extremos, onde toda a confusão é perfeita, uma beleza característica, que vai desde as cores marcantes dos sharis (traje comum usado pelas mulheres), os rickshaws (modo de transporte), a música barulhenta que só te dá vontade de dançar à comida e todos os seus sabores fortes e absolutamente deliciosos.

Vestidas com sarees durante o Diwali (Ano Novo Hindu)
Vestidas com sarees durante o Diwali (Ano Novo Hindu)

Falando um pouco mais sobre a cultura indiana, na semana passada realizou-se o festival Hindu denominado Diwali. Assim, tivemos a oportunidade de passar 5 dias fora do campus e viver este evento com uma família indiana. Eu e o meu grupo de amigos mais próximo decidimos aproveitar este período para celebrar o Diwali em casa da minha colega de casa indiana, a Nikki, em Mumbai. Estes dias foram importantíssimos para viver a cultura indiana ao máximo. Pela primeira vez, experimentei comida caseira indiana, vesti um saree e aprendi bastante sobre a religião Hindu. Para além disso, pudemos ser autónomos e explorar a cidade com um grupo repleto de diferentes nacionalidades (arménia, nepalesa, butanesa, norueguesa, polaca, francesa, sul-sudanesa, etc), lançámos fogo-de-artifício e vimos a cidade numa das mais incríveis ocasiões do ano, pois este é o festival das luzes e das cores.

Piscina com cascata Natural em Madhya Pradesh, durante a Semana de Projeto
Piscina com cascata Natural em Madhya Pradesh, durante a Semana de Projeto

Uma das semanas mais cruciais foi a Project Week, uma semana na qual os alunos são divididos em grupos de cerca de 15 estudantes e, juntamente com alguns professores, partimos todos para uma zona da Índia para realizar trabalho comunitário, interagir com a população local ou caminhar “em busca de nós próprios”. Foi isso mesmo que eu fiz. O meu grupo partiu para Madhya Pradesh, mais especificamente Pachmarhi. Durante uma semana fizemos diversas caminhadas pelos locais mais bonitos onde alguma vez estive (cascatas de 100 metros, nascentes termais, topos de montanhas), acampámos junto a uma mangueira gigantesca e comemos fruta-do-conde (nunca tinha ouvido falar desta fruta), contámos histórias da nossa infância junto às chamas de uma fogueira, nadámos em nascentes de rios e piscinas naturais e, acima de tudo, tivemos a oportunidade de criar uma ligação fortíssima entre todos. E é este tipo de ligação que tens a oportunidade de criar com as pessoas à tua volta num UWC, desde os alunos ao pessoal que aqui trabalha. O teu grupo de amigos vai desde um sul-coreano a uma zimbabuana, pessoas de todo o mundo unidas por um planeta melhor. Rapidamente te apercebes de que, por mais diferenças que tenhamos e por mais diverso que seja o nosso passado, a nossa amizade e as experiências que vivemos juntos enquanto UWCers são uma autêntica união.

O meu grupo durante a Semana De Projeto
O meu grupo durante a Semana De Projeto

Mas convém não nos esquecermos de todo o rigor que o IB requer. Sim, o IB é tão exigente como muitos me descreveram. Mas a melhor parte é a oportunidade de um ensino tão competente e o privilégio de ter aulas com estudantes de todo o mundo, podendo assim contribuir mutuamente na educação de cada um. Para além disso, o IB vai muito mais além do simples método de ensinar a teoria, colocando-a em prática, pensado para além de fronteiras.

Eu, a minha amiga norueguesa, Thale, e os nossos amigos de Sadhana Friends, um centro de acolhimento para adultos com deficiência mental
Eu, a minha amiga norueguesa, Thale, e os nossos amigos de Sadhana Friends, um centro de acolhimento para adultos com deficiência mental

Nunca imaginei pertencer a um lugar tão mágico como este, no qual tenho a possibilidade de ter uma holandesa, uma indiana e uma francesa como colegas de quarto, fazer longas caminhadas e escalar ao topo de uma montanha com as minhas amigas belgas, viajar pela Índia, fazer voluntariado nas comunidades mais próximas, conhecer mais sobre diferentes culturas e ter o privilégio de ouvir diferentes perspetivas e opiniões sobre os mais diversos tópicos.

No fim de contas, estamos todos aqui unidos pela paz. Nunca pensei acabar num país tão apaixonante como a Índia, ou melhor ainda, num UWC. E a experiência só agora começou, pois eu sei que ainda há muito mais para vir.

Festival "Ganesh Immersion" - um festival cheio de cores, no qual afundamos uma estátua do Deus Ganesh para celebrar a sua presença, bem como para relembrar a proteção do ambiente.
Festival “Ganesh Immersion” – um festival cheio de cores, no qual afundamos uma estátua do Deus Ganesh para celebrar a sua presença, bem como para relembrar a proteção do ambiente.
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