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Desabafos

Olá,

O propósito deste post? Nem sei, não me perguntem. Desabafar talvez, falar comigo mesmo ou mesmo só para os meus pais saberem de mim e do que ando a fazer, o que quer que seja, estou a fazê-lo. Esperem pensamentos aleatórios e divagações, o que o “Pessoa” chamaria de um “pensativo cigarro”.

Há já 2 meses que voltei a Changshu e tem sido diferente do que estava à espera, coisa tão UWC, sempre a surpreender. O tempo é cada vez mais escasso e deadlines cada vez mais abundantes. Tinha expectativas de conhecer muito mais primeiros anos do que conheço agora mas o IB não tem dado tréguas. O mood na escola já teve melhores dias, a pressão académica, social e em geral não melhora cada dia que passa, e o que vale é que nos temos uns aos outros e os melhores primeiros anos de sempre que nos apoiam sempre (Props para a Júlia <3).

No entanto, sinto-me como nunca me senti mentalmente. Encaro tudo com positividade e sinto-me inabalável. Cada vez mais sinto que o mundo é enorme e a minha vontade de o conhecer aumenta a cada dia. Não sei o que o futuro me reserva nem o que quer de mim e isso faz-me levantar da cama todos os dias, numa tentativa de descobrir. Cada momento é precioso e o tempo está a preço de ouro, procrastinar é um luxo. Por mais que isto pareça um blog do Gustavo Santos não é, e não é isso que quero passar. Penso no futuro mas sobretudo no presente. O prazer em estudar voltou e submeti o meu “Extended Essay” que foi uma sensação de alívio mas também de vitória. Poder ver onde comecei e onde acabei, faz-me sentir realizado e orgulhoso. Agora está na hora de me pôr bonito para ver se alguma universidade me quer.

Como a estrutura deste texto, também a meteorologia aqui anda do 8 ao 80. Num dia estamos a suar com tanta humidade no outro estamos a bater o dente. Tempo propício a reflexões, penso no dia em que me irei embora e penso no dia em que cheguei. Volto a pensar e a despensar. Aquilo que aprendi aqui não se pode, jamais, comprar. Mudei e mudo como a meteorologia, instável mas saudável (o uso desta palavra aqui é questionável) e recomendo-me.

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Sou o número 10 na foto!

Ps: Este mês comecei a jogar num clube e vamos participar no que é a  “FA Cup” ou “Taça de Portugal” chinesa, para a qual estou bastante entusiasmado e também vou participar no novo Musical da escola!

De mim,

Espero que estejam todos bem, e desculpem se não tenho dito nada, estou ocupado a viver!

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Atuação no Dia da Paz


João, UWC Changshu China (2016-2018)

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Boot Camp

Umas das atividades extracurriculares em que me inscrevi chama-se Boot Camp. São sessões de 1h com exercício físico de alta intensidade em que o objetivo é cada um dos participantes tirar o maior proveito da sua capacidade física. No final de todas as sessões, sinto-me a transbordar de felicidade, com a sensação de que aqueles 60 minutos que acabei de viver valeram imenso a pena.

Depois de um mês e meio de UWC sinto que a descrição mais aproximada do meu dia a dia é um Boot Camp intelectual permanente. Um Boot Camp que me desafia em tantas frentes diferentes que acabo sempre com o coração a mil e a respiração cortada.

Esta semana, saltei uns quantos níveis e aterrei num Boot Camp intelectual de intensidade altíssima. Aterrei na Golden Week.

A Golden Week é uma semana em que toda a China se junta para celebrar o País do Centro, 中国 (em caracteres chineses, a tradução literal de China equivale a País do Centro). Desde o Norte até ao Sul do país, desde os mais novos até aos mais velhos, ninguém falha as celebrações. O país pára e curva-se, deixando os mooncakes (doce tradicional desta época) e as refeições em família subir ao palco e dançar ao som do Erhu.

Para comemorar o país que de forma tão hospitaleira nos recebeu, o colégio dá-nos dez dias de férias, que podem ser utilizados “ao gosto do freguês”. Estes dez dias foram, sem sombra de dúvidas, uma imersão cultural incrível, em que vivi a China na primeira pessoa.

Partimos de Changshu sexta feira à tarde, rumo à nossa primeira paragem – Shanghai. Shanghai foi, sem sombra de dúvidas, uma enorme surpresa. As luzes, os carros, as pessoas, a agitação. Senti-me, de um momento para o outro, engolida pelos arranha-céus, cega pela imensidão que paira no ar poluído de Shanghai.

Shanghai é uma das maiores potências económicas do mundo pelo que é preciso ter algumas cautelas, mantendo sempre uma distância de segurança entre nós e a febre consumista. Felizmente, tive a sorte incrível de ter returning students e(spetaculares)xperientes a guiarem-nos pela melhor face de Shanghai.

Numa das noites, depois de visitar a Bund, um dos musts de quem visita Shanghai, dois segundos anos (um deles, o João, o meu segundo ano português ❤) disseram-nos que tinham uma surpresa para nós (sendo “nós” um grupo de 8 alunos da China, Portugal, Noruega, Coreia do Sul, Madagáscar e Venezuela). Ficámos todos em pulgas e seguimo-los até ao lobby de um hotel incrível, com trinta andares e luxo incomensurável. Levaram-nos até ao trigésimo e último andar do hotel, um terraço do outro mundo, com um jacuzzi fantástico no meio, em que conseguimos ter uma vista sobre a cidade inteira. Senti-me suspensa no ar, com o coração a mil. Como que por magia, a agitação incessante desta cidade que parece não dormir ficou congelada no tempo. As luzes a tiritar prédio sim, prédio sim, abraçaram-me com tanta força que fiquei com a respiração cortada. Senti-me fora de mim, com pessoas incríveis, num local inexplicável.

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Shanghai convidou-nos também a dar uns fantásticos passeios de bicicleta à luz da Lua, a explorar o fantástico Art District e a dar longas caminhadas por ruas estreitinhas, muitas vezes abafadas pela imponência da West Nanjing Road. Tudo isto ao som de conversas únicas, com pessoas tão especiais.

De Shanghai apanhámos o avião para Shijiazhuang, a cidade da Joyce, uma das minhas fantásticas amigas chinesas. Shijiazhuang é uma cidade no Norte da China, perto de Beijing, muito marcada pelo patriotismo e pela forte componente cultural. Fizemos tanto nos curtos cinco dias que passámos em Shijiazhuang que me é sinceramente difícil resumir tantas emoções, sabores e experiências em meia dúzia de palavras. Vou dar o meu melhor.

Uma das melhores partes de ter passado estes dias em Shijiazhuang foi o facto de ter passado um festival nacional no seio de uma família chinesa. Senti, por isso, a cultura chinesa de forma muito próxima.

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Em termos gastronómicos, esta estadia foi uma autêntica montanha russa. Experimentei todo o tipo de pratos e doces, desde carne de burro a uma especiaria que paralisa a língua de quem a come durante 5 minutos. Os chineses são talvez o povo mais acolhedor que eu já tive o prazer de visitar. Acolhedores e preocupados com o bem-estar dos visitantes como são, não nos deixavam nunca acabar a refeição antes de todas as migalhinhas terem desaparecido. Em todas as refeições, uma quantidade enorme de doces e salgados era colocada no centro da mesa e partilhada por todos, com muita conversa pelo meio (as mesas chinesas têm a particularidade de terem um vidro no centro que pode ser girado de forma a facilitar a partilha). Isto porque nas refeições chinesas tudo gira em torno da partilha. Da partilha e dos chopsticks (“pauzinhos”) – já estou uma mestre na arte dos chopsticks.

Para além da gastronomia, alguns dos episódios mais especiais da estadia em Shijiazhuang foram a subida a uma montanha lindíssima, a cerimónia de chá em que participamos e a visita que fizemos a casa de um mestre de caligrafia chinesa.

Começando pela montanha. Na China o conceito de escalar montanhas é diferente daquele que eu sempre conheci. Aqui as montanhas estão equipadas com uma enorme escadaria, desde a base até ao topo da montanha, com pequenos templos aqui e acolá. Cada degrau (dos imensos degraus que subimos) valeu a pena. Encontrámos uma vista incrível, um ar puríssimo e um sentimento de leveza fantástico.

A cerimónia de chá foi também uma experiência espetacular. Fomos a uma Casa de Chá, onde nos serviram chás de diferentes origens, seguindo sempre o rigoroso protocolo que reina estas cerimónias.

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Finalmente, a casa do mestre de caligrafia chinesa trouxe-me momentos únicos e memórias inesquecíveis. A arte da caligrafia chinesa é algo que, desde que cheguei ao “País do Centro” me cativou e despertou imensa curiosidade. Tive, nesta visita, a oportunidade de aprender com uma pessoa muitíssimo experiente. Tive a oportunidade de ver, tocar, sentir a caligrafia chinesa pelas mãos de alguém que vê, toca e sente esta arte de forma tão profunda. Foi incrível.

Depois destes dias tão especiais, voltei hoje para o colégio, onde encontrei amigos que me são tão queridos, o meu quarto que me é tão casa e o ambiente UWC, que sinto já tanto como meu.

Voltei ao colégio, sem fôlego, mas tão pronta para mais um período de escola intenso, cheio de imprevistos incríveis pelo meio. Voltei ao colégio, sem fôlego, mas ansiosa para que próximo nível deste Boot Camp em que agora vivo comece e revele as surpresas que me trás.

Júlia, UWC Changshu China (2017-2019)

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Depois de um dia intenso, estou deitada na minha cama a pensar no quão sortuda sou e no quão incríveis têm sido os meus últimos dias. No quão surreal tudo isto é.

Estou deitada a pensar no meu trabalho de casa de Economia. Muito sinceramente, não me lembro de alguma vez me ter sentido tão feliz ao pensar num trabalho de casa. Tenho que fazer uma apresentação comparando indicadores económicos e sociais de diferentes países. Estava a pensar falar sobre Níger e quando me deparei com a minha falta de conhecimento sobre a realidade neste país, apercebi-me que a solução estava a dois quartos de distância. Bastou-me fazer uma visita ao quarto de uma co-year de Níger para adicionar mais uma peça ao enorme puzzle que tento, diariamente, construir.

Estou deitada a pensar na viagem de táxi que fiz ontem, rumo a Wuxi. Éramos cinco (da Noruega, Coreia do Sul, Irlanda, Argentina e Portugal) num táxi onde cabiam quatro, com o condutor mais simpático que se possa imaginar. Para não fugir à eficácia que está sempre tão presente na cultura chinesa, o nosso taxista contornou a barreira linguística através de uma aplicação no telemóvel para onde ele falava em chinês e que reproduzia o que ele dizia em inglês e vice-versa. Através da aplicação ele contou-nos que tem uma filha de 19 anos que acabou agora o ensino secundário e que está prestes a entrar na universidade. Sendo esta uma confissão que à primeira vista parece irrelevante, foi, naquele momento, uma sensação de partilha e de felicidade enorme. Felicidade por ver que o orgulho que transbordava daquele pai era tão grande que ele decidiu tirar alguns minutos das TANTAS e tão cansativas horas seguidas de trabalho para partilhar com um grupo de desconhecidos a conquista da filha.

Estou deitada a pensar na conversa que tive com uma second year dinamarquesa sobre os plásticos que individualizam as peras que nós comemos aqui no colégio. Cada pera vem envolta num saquinho plástico, sendo um desperdício enorme e uma prática muito pouco sustentável. Já foram várias as intervenções dentro do colégio para encontrar uma solução para esta situação, mas, enquanto não conseguimos solucionar o problema, esta second year dinarquesa decidiu reunir todos os plásticos de todos os alunos com a intenção de os aproveitar para fazer peças de roupa para um desfile de moda com roupa feita unicamente de material reciclado.

Estou deitada a pensar que daqui a 6 horas vou acordar para assistir aos meus queridos co e second years muçulmanos a rezar. Muçulmanos de todo o planeta estão a celebrar o Festival Eid (Festival do Sacrifício) e nós fomos privilegiados com uma sessão hoje a explicar a história por de trás do festival (tivemos, inclusivamente, direito a experimentar comida tradicional desta época festiva) e amanhã temos a oportunidade única de presenciar um dos momentos em que diferentes pessoas, com vidas diferentes, ideias diferentes, países diferentes, mas com as mesmas crenças, se unem a rezar.

Estou deitada e voltei a pensar no quão sortuda eu sou.

 

Júlia, UWC Changshu China (2017-2019)

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FASHION SHOW EM SHANGHAI!

Portugal’s Next Top Model? Já esteve mais longe, já só falta estar em Portugal… Brincadeiras à parte, há cerca de 2 semanas tive uma das mais fantásticas experiências da minha tenra vida. Fiz parte de um desfile de moda. MAS À SÉRIA. O tema era “Fash & Trash” ou algo parecido. O que realmente significa é fazer designs a partir de coisas que iriam para o lixo.

Mas como tudo começou?

Tudo começou com umas simples audições a nível da escola onde fui selecionado, juntamente com a Mimi e a Bella, representando os portugueses. A seguir disso, medidas foram tiradas, e muitos, muitos ensaios, gastando a passerelle (?) e os pares de sapatos. Desde coordenar passos com música, com o parceiro, poses e mais poses e mais poses, o balançar dos braços e toda uma ciência que para mim era desconhecida no mundo da moda. Aprendi imenso e melhorei imenso também. Se antes seria contratado pela Empresa “Ramiro & Jéssica, Fashôn Modelos LDA” agora posso dizer que teria possibilidades numa agência mais a sério ahah.

O evento teve lugar em Shanghai, na “bund”, que é só a avenida principal e mais  cara de Shanghai. Mais especificamente, na “House of Roosevelt”, prédio que já teve nomes como George W. Bush dentro. A fasquia era alta já que o ano passado foram angariados cerca de 1.500.000$. SIM, 1 MILHÃO. No entanto, o ano passado este dinheiro foi para angariar bolsas de estudos para novos estudantes. Este ano o objetivo era ajudar a região mais afetada com o vírus da SIDA na China e onde a situação é bastante preocupante. Este ano também tivemos uma linha da famosa marca de roupa Michael Kors o que foi brutal!

Num espetáculo com 14 linhas, se a memória não me falha, acabei por entrar em 6. Os designers estão de parabéns pelo trabalho que fizeram e toda a gente em geral.

Em baixo estão algumas da linhas que fiz:

Durante o espetáculo ainda tive oportunidade tocar “música ambiente” o que foi bastante porreiro.

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The Band

E assim me despeço meus caros, até a uma próxima.

#SonhoContinua

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新年快乐 or Happy New Year!

新年快乐 ou melhor dizendo Feliz Ano Novo! E vocês perguntam “outra vez?”…. Pois, mas desta vez é que é, prometo. Aqui na China celebrou-se no final de Janeiro o Ano Novo Chinês e foi uma tremenda festa. Como era de esperar, nós aqui no UWC tivemos umas feriazinhas de pouco mais de uma semana e que melhor do que ir a Pequim?

Eu e mais 3 amigos decidimos organizar uma viagem (organizar como quem diz, ahah) à capital. Nepal, Gana e País de Gales, os cantos do mundo estavam representados e estávamos prontos a partir.

No início, Pequim nem parecia ter 22 milhões de habitantes. Estava deserto (este deserto é relativo…). As pessoas normalmente, nesta altura do ano, vão visitar familiares fora de Pequim então a cidade fica “vazia”.

Dado o facto de termos ido no Ano Novo Chinês pudemos ver costumes chineses que não vemos noutras alturas e também alguns que só acontecem agora. Nos Templos budistas viam-se multidões de pessoas a acenderem os pauzinhos de incenso juntamente com a sua oração. Fazendo isto as pessoas sentem-se mais próximas do seu Deus. Acabámos por ir a esta feira no dia de Ano Novo que é bastante tradicional. Basicamente é uma feira com diversas formas de cultura como por exemplo danças, canções e arte mas também jogos de feira popular e comida. MUITA COMIDA.

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Uma tradição que eles têm muito aqui é fogo de artifício e uma espécie de petardos. Resumidamente, todas as pessoas rebentam e quanto mais barulhentos forem melhor (o barulho afasta os espíritos maus). Conclusão, parecia que Pequim estava ser bombardeado de tantos que eles rebentavam, o que foi bastante assustador.

Em termos culturais visitámos a Grande Muralha da China, uma das 7 Maravilhas do Mundo (título que é mais do que merecido), Fragant Hills, Summer Palace, Art District 798, Tiananmen Square e muitos mais locais emblemáticos que não se podem perder.

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Pela primeira vez o provérbio “quem tem boca vai a Roma” foi mais complicado de aplicar. Praticamente não tínhamos boca (às vezes resquícios de chinês mal falado lá apareciam) mas tínhamos telemóvel, o que muitas vezes era a safa. Estou a exagerar ahah, a nossa linguagem gestual passou para um outro nível e posso dizer que o meu chinês melhorou bastante.

Por algumas noites ficámos em casa de um amigo e a hospitalidade foi espetacular e posso afirmar que os chineses quando te recebem dão-te tudo o que está ao seu alcance para te sentires bem e confortável.

Fomos a uma estância de ski a 2 horas de Pequim e pela primeira vez na minha vida fiz ski! Adorei! Não, não foi sku… É claro que caí muitas vezes, mas no final já estava pronto para ir aos Olímpicos de Inverno.

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Deu também para rever amigos (beijinhos para a Malaika!) e overall adorei e foi diferente de todas as outras viagens que fiz e sem dúvida que criei memórias para a vida.

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João – UWC Changshu, China (2016-2018)

 

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REFLEXÃO OU UMA QUASE REFLEXÃO

Olá,

Neste blog vou fazer uma coisa um bocadinho diferente. Vou fazer uma tentativa de reflexão destes 4 meses que já passaram desde que cheguei aqui a Changshu. Esta tentativa é uma “quase reflexão” dado que para é-me difícil ainda, explicar e reduzir a minha experiência a meras palavras, vagas muitas delas.

Para tornar a leitura diferente vamos fazer isto interativo ahah se quiserem podem abrir o youtube e pôr a tocar esta música “First Breath After Coma – Blup”, apenas pelo simples facto de que acho que ajuda a pôr o “mood”.

Estes 4 meses têm sido um carrossel de emoções.

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Uma semana aqui é tão intensa que chegamos ao final da semana estafados, completamente. O problema vem quando nem ao fim-de-semana podemos descansar. Para vos dar um exemplo, em Portugal estava tão cansado que dormia 12 horas por dia! todos os dias! E sinceramente, nem me sentia cansado. Este cansaço acumulado de 15 semanas seguidas é que me fazia hibernar cada vez que fechava os olhos. Aqui estamos constantemente com responsabilidades e não há pais para nos acudirem. Psicologicamente é esgotante mas acho que vale a pena.

Uma coisa que adoro aqui é o facto de não haver rotina. É claro que temos um horário para cumprir pessoal ahah mas todos os dias acontecem cenas novas e a escola nunca pára. Em Portugal, eu pensava muito no futuro. Aqui aprendi a pensar no momento e a desfrutar o momento. Se podes fazer algo agora não adies para amanhã.

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Já fiz amizades de todos os cantos do mundo (cantos num mundo que é redondo…).   Já vivi experiências inesquecíveis que podem passar apenas por aquela conversa às 2 da manhã com o meu colega de quarto sobre a cultura e o país dele ou por uma ida ao Vietname com os meus amigos! A própria China e a maneira como eles vivem, também acho que me mudou. Apesar de ainda ser uma cultura bastante diferente, estava à espera de uma diferença muito maior de culturas e o que me tenho vindo a aperceber é que somos quase iguais. É claro que as diferenças são muitas e existem mas na sua essência há bastantes similaridades.

Cresci, para cima e para os lados também (é de admirar). A comida, apesar de ser diferente, é muito boa e estou um mestre com os pauzinhos.

Não me arrependo de nada.

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Se quiseres ter um experiência como a minha ou similar, aproveita e candidata-te! Vai ao site da UWC Portugal e preenche o formulário de inscrição. Tens até 23 de Janeiro e não custa nada.

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João – UWC Changshu, China (2016-2018)

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24 hours filmmaking project

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O 24horas filmmaking project foi sem dúvida um dos melhores desafios com que me deparei. O nome é bastante elucidativo mas basicamente um grupo de alunos tem de criar uma curta metragem em 24 horas. Neste período de tempo estão incluídas a elaboração do guião, as gravações e a edição das imagens.

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Foi um fim de semana alucinante e extremamente exigente mas graças ao guião fantástico da Ana e ao meu cast maravilhoso Xueying, Malva, Hoya e Sinestro, acabámos por conseguir alguma coisa. O género que nos calhou foi “Guerra” e por isso o nosso filme gira em torno da guerra na Síria e dos capacetes brancos (White Helmets).


Um agradecimento especial ao Fabian por ser o mais espetacular co-realizador que se pode ter, considerando que tudo com “bem, eu ofereci-me para actriz/guionista”, seguido de “nós conseguimos fazer isto”, até chegar a “que orgulho deste filme”.

Maria, UWC Changshu – China (2016-2018)

 

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Foreigners’ Talent Show 2016 na China!

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Parece mentira, eu sei! Mas isto sou eu e uma série de outros UWCers num cartaz promocional a uma espécie de Got Talent para estrangeiros que vai passar na televisão de Suzhou, aqui na China.

Sim, eu vim para aqui para estudar (e fazer todas as outras atividades que existem nos UWC), mas depois acontecem coisas destas 😀

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Tudo começou com a escola a pedir ao grupo de hip hop para preparar uma coreografia. Mas como o grupo é composto maioritamente de chineses (e o espetáculo é com estrangeiros na China), eu ofereci-me para me juntar ao grupo. Fizemos uma coreografia e enviámos um vídeo. Quando recebemos a notícia de que tínhamos passado automaticamente à final acharam melhor mudar a coreografia. Da de hiphop só se usou um terço e substituiu-se o resto com o CAS de multicultural dance (que estava a fazer uma dança queniana) e uma cena do Mamma Mia (eu por acaso fazia parte dos 2 e acabei assim por participar em todos).

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Ok, ballet é mais a minha praia mas é otimo explorar outras maneiras de mexer o corpo e a fluidez e dimensão dos movimentos que é completamente diferente daquela a que estou habituada. A Pia que é filipina também dança ballet, por isso tenho alguém com quem me identifico a nível de dança e temos também um rapaz, o Tyreis que dança muito mas mesmo MUITOOOO bem hiphop. Claro que também há pessoal que parece que tem 2 pés esquerdos mas acaba por tornar tudo mais divertido porque é nestas situações que posso ajudá-los. Já quando se trata de cantar eu sou um zero à esquerda porque detesto e aí ajudam-me eles a mim.

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Ao todo éramos 34; Portugal, Colômbia, Venezuela, Jamaica, Brasil, Luxemburgo, Índia/País de Gales, Alemanha, Guiana, Canadá, Chile, Noruega, Latvia, Trinidade, Hungria, Bulgária, Myanmar, Filipinas, Sudão do Sul, Quénia, Bielorússia, Angola, Gana, Itália, Argentina, Roménia, Espanha, Bélgica, Tawain, Albânia… (será que me esqueci de alguém?). Havia mais primeiros anos, mas também segundos anos e Pré-IB DP (que é um programa antes do IB Diploma Programme que existe em alguns UWC), e até ex-alunos UWC.

E estudar? Pois… Foi uma espécie de compromisso, no início, para o hiphop perdemos muitos fins de semana o que foi um bocado difícil de conjugar com tudo o resto (principalmente porque estamos a ter outros ensaios também ao domingo). Mas, organizando tudo e rentabilizando o tempo, funciona! Também ensaiámos muito antes desde depois do jantar até ao check e eu como estava nas 3 coreografias tinha de ficar do início ao fim. O truque? Levar coisas para o teatro e estudar lá. #ThePerksOfBeingADancer

A entrega de prémios foi estranhíssima! Primeiro chamaram imensa gente ao palco e deram troféus a todos. Depois chamaram 3 números, um dos quais o nosso e também nos deram um troféu e depois chamaram só 2 números e eles também receberam troféus.
Levar o “everyone´s a winner” num sentido literal!
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Maria, UWC Changshu – China (2016-2018)
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FUTEBOL!!

Olá a todos mais uma vez!

Desta vez vou falar da minha experiência aqui no que toca ao futebol 🙂

Como sabem ou não, futebol é a minha maior paixão e onde quer que esteja jogo.

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Nós aqui na escola temos uma equipa formada por jogadores de várias nacionalidades, como por exemplo China, Nepal, Índia, Estados Unidos, Gana, Uganda, Venezuela, País de Gales, Indonésia, Estónia, Palestina, Inglaterra, Nigéria, Arménia, Bulgária, Bangladesh, Vietname; Coreia do Sul, Guatemala, Suazilândia, etc.. O futebol aqui é bastante diferente. É diferente em termos de nível, por exemplo aqui fazemos alguns jogos mas nada de competição. Os resultados até agora têm sido bastante positivos e ainda só perdemos 2/3 jogos.

A minha mudança para a China foi algo que acho que me abriu os olhos. Isto no sentido de estava um bocado habituado a jogar em competição e com pessoal que tinha algumas bases no que toca a táticas ou posicionamentos e aqui é mais à balda, é mais para nos divertirmos. Isto num sentido é bom porque ensinas aos outros e ao mesmo tempo aprendes e consegues ver o progresso de cada pessoa.

O que torna esta experiência tão fantástica é o facto de virmos de todos os cantos do mundo e partilharmos esta paixão. A comunicação foi um problema no inicio porque o instinto era falar português mas já parece estar a melhorar.

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A nossa equipa (equipamento branco)

Futebol é onde tenho os meus melhores amigos aqui porque para além de jogarmos juntos também vemos futebol juntos, falamos sobre futebol, ou seja, é algo que nos conecta e é universal.

E para não me alongar muito, se quiserem saber mais, fica aqui um link de um video que fizemos sobre a nossa equipa:

João, UWC – China (2016-2018)

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A grande saga do Extended Essay!

Talvez a minha segunda melhor experiência, depois de ser parte de um UWC, é ter entregue a versão final do meu Extended Essay (EE). A segunda “pior” combinação de duas letras depois de “IB”… :p

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O Extended Essay é uma parte muito importante do IB. Basicamente, é uma investigação feita pelo aluno numa disciplina que faz parte do currículo e na qual estão interessados. Tem muitos parâmetros que têm que ser seguidos, 4000 palavras no máximo, formato MLA (um conjunto de normas para escrita de trabalhos científicos), a pergunta a ser investigada tem que fazer sentido, etc. Cada aluno escolhe uma disciplina e daí começa a investigação: se é uma ciência natural tem que arranjar os materiais e começar a experiência, se é mais na área de humanidades, livros e procurar fontes. Cada aluno tem também um supervisor, que é um professor que vai estar a acompanhar durante o processo e dá um feedback oficial quando a primeira versão do EE está acabada. Depois de todo o EE ser lido, comentários são feitos, uma vez que durante o processo o professor não interfere na parte da escrita, simplesmente clarifica perguntas que o aluno tem.

Eu escolhi História para o meu EE. Foi uma escolha pessoal porque eu escrevi sobre a minha República na Rússia, Adygea, onde eu nasci e vivi durante a minha infância. Eu sempre quis saber a história dessa região, porque há mais de 100 anos atrás era uma nação independente, mas depois foi conquistada pela Rússia numa guerra que demorou 100 anos. Ler e aumentar o meu conhecimento foi interessante. Deu para aprender e refletir sobre este tópico.

Normalmente um EE de História pode ser acabado em três dias, e eu conheço pessoas que o fizeram. No meu caso, eu quis explorar durante algum tempo porque o tópico é importante para mim. Também se não fosse a preguiça e eu não perdesse tempo à procura de motivação para me sentar e escrever, teria acabado o meu EE numa semana. A investigação levou-me por volta de um mês, depois escrevi o primeiro draft em quatro dias. Os comentários que recebi foram maioritariamente devido a erros gramaticais que eu tinha e alguns parágrafos que tinham de ser mais completos. Again, eu podia ter terminado o meu EE depois de ter recebido feedback em três dias, mas a minha preguiça e “Amanhã começo” levou-me a fazê-lo nos últimos dias antes da entrega final. Mas correu bem, pedi ajuda ao meu supervisor e a uma professora para esclarecer as minhas dúvidas em relação ao MLA. Isto sim foi o inferno! Citações, citações, citações …o pesadelo de cada aluno do IB. O IB controla o plágio e a honestidade académica, levando estes dois aspectos muito a sério. Por isso, tudo o que não foi dito originalmente por mim tem que ser citado e as referências escritas num formato próprio no texto e depois no final do trabalho.

Para concluir, foi uma experiência complicada e interessante ao mesmo tempo. Muitas lágrimas, nervos, risos, desespero, ansiedade, medo, etc. Muitas emoções, mas é uma boa experiência. Isto tem que ser algo que traz prazer, porque sim, depois de entregar o trabalho é um alívio e um orgulho!

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Bella, UWC Changshu – China (2015-2017)